HORA CREME

A lua estava límpidamente amarela, enorme círculo no horizonte escurecido da noite que acabava de chegar.

Passado algum tempo, mais alta no céu escuro, a mesma lua se transformava aos poucos no creme e em breve branca iluminará a cidade, se nuvens não cruzarem seu caminho.

Nesta hora creme de lua uma espécie de nevoeiro, ou embaçamento de ar (ou de olhar?) fazia da bola de luz noturna o centro da moldura formada pela janela do quarto. E deitada na cama podia contemplar esta que, junto com o pôr-do-sol, era dos mais melancólicos espetáculos da natureza.

Desta vez não perdia o show, apenas o assistia só. Olhos sós na lua, coração apertado da melancolia e mente a 320 quilômetros distante, orando para que tudo seja feito para o melhor de cada um.