As aparências
Maria apagou o cigarro com a ponta do sapato, antes de voltar a cozinha. Continuou a cortar a carne, pois queria apressar os cortes da semana para coloca-los no frizer.
Passou a mão sobre o rosto para afastar os cabelos deixando um sinal de sangue na testa. A mesa, igualmente, sujara-se de sangue da carne que era cortada, fazendo cair alguns pares de gotas sobre o avental que um dia fora branco.
Maria pensava nos filhos, que naquele horário, estavam na escola, no marido operário da construção civil, e sorria feliz. Naquela casa Maria já trabalhava a dois anos, era gentil e muito organizada, mas naquele dia estava com pressa a filha esta completando quinze anos e teria ainda de passar na confeitaria para pegar o bolo.
O rádio no canto da cozinha noticiava um assalto, mas Maria estava entretida com os cortes, colocando os pedaços em recipientes que eram armazenados no frizer. No avental os pingos de sangue se alastravam cada vez que a mulher passava as mãos.
Ali perto, a policia percorria o bairro atrás de um homem que havia assaltado um super mercado e matado a facadas o proprietário. Numa louca e desgovernada perseguição a policia entrava em algumas casas a procura do assaltante. Sem aviso prévio os moradores assustados fechavam-se em suas casas.
Foi quando Maria ouvindo as sirenes tocando próximo à residencia, assustada correu até a frente da casa. Os policiais, vendo a mulher com a faca na mão e suja de sangue, atiram contra ela, sujando o peito com o sangue de Maria.