Vivendo a Felidade

Eu era pequenina, magrinha, até me chamavam de Olívia Palito, pois era o Popey e a Olívia o desenho animado do momento.

Minha mãe vivia me dando bronca pra que eu comesse, porém a situação financeira não dava muita chance de se mudar o hábito alimentar e quase sempre era o feijão com arroz, o nosso almoço, pequenas vezes tínhamos um legume, era coisa de rico: Dizia minha mãe.Lembro-me que meu café era umas poucas bolachas salgadas de padaria, quando era final de mês , no restante meu café e o dos meus irmãos era com farinha, e eu odiava farinha apesar de ser costume dos nordestinos. Porém podia faltar uma boa alimentação, mas nunca me faltava o amor e o carinho dos meus irmãos e pais, além dos inúmeros amigos que eu tinha na vizinhança, e era com eles e os meus sonhos que eu vivia feliz, enfrentando a miséria e o pouco que eu tinha.

Minha mãe era professora e livros não me faltavam.Ela dava aulas em dois turnos e eu ficava na casa de meus avós, ali sim estava o sonho, a alegria, a riqueza.

Meu avô era semi-analfabeto, porém, um doutor na arte de contar estórias, e minhas tardes eram ao seu lado ouvindo os lindos contos de fadas, as estórias de Trancoso, da Carochinha, parlendas, que saudades!

Meu avô era um ser extraordinário, e além de contar belas estórias de cabeça, decoradas, e fantásticas que só ele sabia, ainda nos embalava numa rede para dormir, cantava lindas canções de ninar, tipo: Alecrim dourado!

Além de toda essa magia do mundo rico da leitura eu vivia cercada por literatura de cordel.Tinha no quarto de meu tio um baú cheio de mini livros, mas enormes em fantasia e faz de contas.

O restante do tempo livre eu ficava nas calçadas da minha cidadela, onde todo mundo se conhecia, se encontrava e dava um bom dia em sinal de paz e fraternidade.Eu e minhas amigas ficávamos ali, batendo papo, escolhendo de que brincar: Bandeirinha, cobra-cega, passar o anel, tica, brincadeiras da minha infância sofrida por não ter o pão mas deliciosa por não me faltar alegria e amor.

Entrávamos noite adentro no quintal brincando de pega-pega, estátua, atirei pedras, músicas.

Minha cidade tinha poucas televisões e por isso mal assistíamos e o que nos restava brincar, ler, ir à biblioteca municipal tomar emprestado uns livros pra ler e contar para as amigas, por isso aprendi ler antes dos seis anos de idade.Como era bonita minha criança!

O tempo ia passando e eu sonhava dar um futuro melhor para meus pais e meus irmãos então estudava e minha mãe fazia das tripas coração como diz o ditado popular lá no Nordeste para me fazer “alguém na vida” e eu seguia seus passos, o de ler estudar e ajudar os outros com fé e solidariedade.

O tempo passou hoje sou uma mulher de trinta e três anos, sou mãe, professora, escrevo poesias em resultado do convívio num universo de poesia e arte ao meu redor.

Realizei meus sonhos, fiz e tento fazer um mundo melhor e mais justo, além de dar alegria aos meus pais por ter me tornado uma pessoa de bem, escrevo poesias para as crianças da comunidade em que faço parte e como professora contribuo para incentivo da leitura e de um individuo consciente de seus ideais e deveres.Uso do amor e da perseverança aliada a poesia em prol da coragem e da esperança.Lembrando sempre que se pode ser bem pobre em termos financeiros, mas temos que ser milionários em força e espírito de sobrevivência para uma infância e um mundo feliz!

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Este é o resumo da minha infância leia mais em

http://www.doeumainfancia.org.br/index.html?h=205

A Maneira que encontrei em ajudar as crianças a serem mais felizes e lutar por um mndo mais digno e feliz!