LADAINHA

Luzia, minha colega de hidroginástica, morava na roça.

Todas as noites, seu pai reunia a família na sala para rezarem o terço, que era puxado por ele.

Todos, cansados da lida no campo, ajoelhavam-se perto de uma cadeira ou de um banquinho, para se escorarem e, até mesmo, cochilar um pouco.

Luzia, por ser a caçulinha, ficava próxima ao seu genitor para que, quando ela pegasse no sono, seu pai a levava no colo para a sua caminha.

Numa bela noite enluarada, eles terminaram o terço e o chefe da família começou a ladainha.

-Santa Maria!

-Rogai por nós!

-Santa Mãe de Deus!

-Rogai por nós!

De repente, algo caiu no meio da sala e fez um barulho no soalho.

O homem olhou e, percebendo o que se tratava, disse no mesmo tom da reza:

-É um sapo!

-Rogai por nós!