O ENCONTRO

O céu azul sem nuvens, a brisa própria da primavera era um prenúncio da felicidade próxima. A janela aberta deixava que o perfume das flores penetrasse no quarto.

A ansiedade fazia bater forte o coração. Desde cedo ela aguardava que o telefone tocasse. As horas iam passando e seu olhar e pensamento não se afastavam daquele aparelho que demorava a tocar, torturando aquela mulher.

De repente, eis o tão esperado chamado. Ela ouve, vindo do outro lado, aquela voz inconfundível, doce, pausada, suave, envolvente e carregada de calor.

Foi necessário sentar, pois as pernas tremiam como se o corpo quisesse falar sobre a torrente de sentimentos desencadeados por aquela voz.

Conversaram um pouco marcando em seguida um encontro para o final da tarde.

Assim que desligou o telefone, correu para o guarda-roupa procurando que a fizesse bela. Sim, era exatamente isto que ela mais desejava estar bela e causar a melhor impressão possível a seu príncipe encantado, ou como diria sua mãe, sua alma gêmea.

Na hora marcada lá estava ele, lindo, perfumado, senhor da situação, enquanto ela estava como adolescente: coração disparado, mãos geladas e um sorriso e olhar apaixonado desenhado no rosto.

A conversa, conduzida por ele, foi calmamente conduzida envolvendo aquele coração de mulher, que aos poucos foi tomando o lugar da adolescente, desejando maior proximidade.

Os leves toques de mãos ocasionais e despretensiosos faziam com que ela sentisse uma corrente elétrica percorrer seu corpo e dando asas à imaginação.

Seu olhar transmitia o que seus lábios não conseguiam pronunciar. E este olhar, muitas vezes, encontrou o olhar dele cheio de amor e desejos, fazendo com que muitos beijos acontecessem. Muitos outros encontros aconteceram, mas este primeiro guardou o sabor de ter sido o início daquele amor tão lindo e sonhado.

Relembra cada segundo vivido naquele encontro... os abraços, o calor daqueles lábios tão amados, a voz doce dizendo “eu te amo”. Quanta alegria e emoção em um encontro.

Estava tão envolvida com suas lembranças que não sentiu a aproximação da neta que lhe pergunta por que estava sorrindo sozinha. E ela responde que estava re-vivendo um dia inesquecível de amor.

A neta muito curiosa pergunta, mas somente um encontro a fez feliz vovó? E ela ternamente responde que aquele foi muito especial, pois foi o primeiro dos muitos encontros de amor que deram calor e emoção à sua vida.

Rosinha Barroso

30/09/2008