UM HOMEM SIMPLES
Teófilo pedala apressadamente a sua velha bicicleta, para encontar-se com o seu primo Norato, que está a esperá-lo à porta do supermercado maior e mais bem conceituado da cidade.
Ofegante, com o suor a escorrer-lhe pela face, porém com um doce olhar de esperança, é exatamente assim que o homem simples, Teófilo, encontra-se com o primo e sua espôsa Vanessa. O problema a ser resolvido, é a despensa completamente vazia na casa de Teófilo, não há sequer um único grão de arroz. Ele está desempregado e, além disso, para aumentar o seu drama, possui esposa e cinco filhos sob a sua responsabilidade.
Ainda bem que Teófilo tem no primo Norato, uma espécie de anjo protetor, que está sempre a socorrê-lo nos momentos de necessidade por ele enfrentados, e olha que são muitos!
Dentro do supermercado, Norato e Vanessa começam a fazer as próprias compras e dão plena liberdade para que Norato faça as suas dizendo-lhe: - pegue o carrinho e compre o quê precisar, que nós pagamos, fique á vontade!
Cerca de uma hora e meia, após o início das compras, Norato e Vanessa concluem a tarefa. Dois carrinhos para compras estão superlotados conforme a escolha de ambos e, Teófilo aproxima-se deles com um carrinho praticamente vazio, com alguns quilos de farinha, fubá, macarrão, pó de café e algumas coisinhas mais, cuja soma total não passa de R$ 20,00 (vinte reais). Norato pergunta ao primo: - É só isso que você precisa? Com lágrimas nos olhos o homem simples responde: - É só isso primo, e que Deus lhe pague o que estás fazendo por mim e por minha família! Quem deixa algumas lágrimas rolarem agora pela face são Norato e Vanessa, que diante daquele homem simples, resolvem recomeçar uma nova compra, agora decente, para o primo carente, que mesmo com o coração envolto em dor, diante da oportunidade oferecida a ele, ao contrário da maioria das pessoas, não soube, não era próprio dele, na sua simplicidade, ser explorador.