Ante-sala!

Paredes brancas e revistas antigas espalhadas pelas mesinhas sem graça alguma. Mais um copo d'água para passar o tempo. Uma rápida olhada no celular..nenhuma ligação, não há mensagem..No canto uma flor insiste em manter o ambiente menos inóspito.

Remexo-me na poltrona nada confortável. Busco o livro esquecido na bolsa, leio uma, duas páginas e fecho.

Corro os olhos à volta e me deparo com rostos diversos e começo analisar!

Rostos dispersos, faces contritas, ritos de dor.

Ninguém se comove com estas imagens refletidas nas corcovas acentuadas pelo peso da vida contida e hoje, nos bagaços da dor, são cacos de uma existência.

Moças e homens de branco vêm e vão, indiferentes, limitando-se a um simples: Com licença? Obrigada!. Sem sequer olhar nos olhos daquelas criaturas expostas e submissas.

Idos tempos da áurea juventude. Hoje, confinados na carne maltratada..Que lembranças carregam consigo? do riso da infância? Do balanço de corda? das histórias da avó?

Quisera adentrar estas mentes que não mentem e sorrir com elas ao sabor destas memórias.

Desperto-me com a voz: Sala 1, por favor!

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 17/09/2008
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