Meu dilema de amor!

Hoje levantei com pressa, tinha muita urgência, a ansiedade me deixa assim um pouco travado, então, ao me deparar de frente com a tela, os pensamentos sumiram. Fechei meus olhos, a noite mal dormida ainda incomodava os pensamentos, o sono que não esteve muito presente durante toda a noite agora me fazia lerdo, mas insisti em escrever. Eu tinha que colocar no papel aquela estória que era tão irreal, mas que estava acontecendo...

Tudo começou a cerca de dois meses, pra ser mais exato no dia 16 de Julho, exatamente um mês antes do meu aniversário, o encontro foi muito marcante, e eu não conseguia tirar os olhos de cima dela. Naquele instante fiquei enfeitiçado, seus cabelos loiros balançavam de um lado pro outro enquanto ela caminhava levemente em minha direção, os olhares se cruzaram, um pequeno sorriso instigava ainda mais a minha mente, parecia que ela também sentia o mesmo.

Como eu teria mesmo que atendê-la não hesitei, peguei minha pasta e fui caminhando apressadamente para a sala, sabia que era questão de minutos para que ela estivesse ali, demorou mais do que eu esperava, porém, realmente ela acabou indo até a minha sala.

Bom como a pressa é inimiga da perfeição não falei sobre mim, bom sou arquiteto, tenho trinta e cinco anos, sou casado a dez, uma esposa linda, um casal de filhos, uma linda casa, um cachorrinho sem vergonha, posso dizer que sou um cara normal e feliz, não poderia exigir mais nada da vida, meu trabalho aqui na construtora estava ganhando destaque a cada dia, sendo sempre muito elogiado, e por conta disso os trabalhos mais importantes acabavam sempre comigo, e esse não foi diferente.

Na verdade só consegui escutar o nome Lilian, e então inebriado pelo perfume doce, me rendi aos encantadores olhares daquela deusa, mergulhei no azul profundo de seus olhos, me enrosquei no dourado de suas madeixas, estava totalmente entregue, foi quando me dei por conta do que estava acontecendo, eu sempre tão competente, tão profissional, estava perdendo o foco, e minha esposa Camila, não merecia isso, dei um sobressalto, pedi desculpas, disse que não dormi bem durante a noite, e que precisava molhar o rosto pra despertar um pouco.

Fui até o lavabo, olhei pro espelho, não me reconheci, sabia que não poderia me continua dessa forma, pensei em pedir para que o serviço fosse passado para outro, porém, estaria apenas tentando negar o inegável, eu estava completamente perdido por aquela mulher. Recompus-me, e retornei para minha sala.

Ela me fitando com s olhos perguntou se eu estava melhor e me informou que meu chefe disse que teria ir, mas que a deixaria em boas mãos. Sinceramente, quase que confessei que ela estaria mais segura em qualquer outro lugar.

Bem, a moça vinha do Sul, da cidade de Porto Alegre, havia mudado fazia duas semanas, comprou uma pequena casa num bairro antigo, queria reformá-lo, prontamente expliquei pra ela vários conceitos, as tendências atuais, a personificação da casa, e de como seria bom, se mantivesse alguma coisa da fachada antiga. Foram quase duas horas, onde consegui dela o máximo de informação pra ter um padrão adequado com sua personalidade, marcamos de nos encontrarmos na casa, no dia seguinte.

No outro dia, me arrumei mais do que de costume, e sai pra trabalhar, só pensava no encontro com Lilian, preparei tudo que iria falar e mostrar, revistas, amostras, tudo, queria realmente impressioná-la. A todo instante olhava no relógio, as horas custavam a passar, o coração estava a mil, pra ser sincero nem me lembrava de Camila, e também não tinha nem um tipo de sentimento de culpa ou preocupação.

Dez horas da manhã, junte tudo o que tinha conseguido, falei pro pessoal que eu estava indo e que talvez só voltasse depois do almoço, insisti pra não me ligarem e que o celular estaria no vibra, só atenderia emergências pessoais. A mente criava e recriava mil situações mirabolantes, mas o que poderá ser de um encontro profissional?

Já era dez e quinze, cheguei com quinze minutos d adiantamento, o portão estava fechado, teria de esperar, bom pensei que já que esperei até agora, liguei rádio, estava tocando uma musica romântica, fechei os olhos...

Fui surpreendido por leves batidas na janela do carro, olhei e a vi, o pequeno sorriso, inconfundível, era Lilian, fiquem por algum instante totalmente estático...

- Bom dia! - Aquela voz doce, me fez delirar! Respondi com cortesia e saí do carro, La se aproximou e me deu um leve beijo no rosto... Quase não fiquei em pé, mas me agüentei.

Ela me convidou pra entrar na casa, e era uma bela casa, estilo colonial americano, foi feita a mais ou menos quarenta anos, tinha alguns problemas estruturais, mas as janelas de madeira conferiam um charme especial, dei algumas idéias, ela me disse o que mais desejava, mas o local que ela queria uma atenção especial era ao seu quarto.

Bem era amplo e bem arejado, porém, ela queria que ele tivesse uma banheira, percebi que havia ali um banheiro, só que era pequeno para ter uma banheira, resolvi criar outro ambiente, integrando o quarto ao banheiro.

Expliquei meus planos, ela aprovou de imediato, me deu um abraço e um beijo, disse que eu tinha lido o seu pensamento, que ficaria tranqüila e deixaria tudo em minhas mãos, que eu saberia fazer até melhor que ela...

Foi a primeira vez sentimos nossos corpos próximos, rolou aquela química, ela olhou profundamente em meus olhos, quase nos beijamos, mas apenas ficamos olhando um para o outro, houve um certo constrangimento. Separamo-nos.

Pra quebrar o gelo, eu disse que cuidaria de tudo, que ficaria tudo como ela desejava e com um aceno positivo ela me disse que tinha certeza disso. Eu sabia partir daquele momento que existia algo entre nós.

Bom, passamos a nos ver quase todos os dias, às vezes até sem nenhuma necessidade, quando não era eu, ela inventava uma desculpa para encontrar-me, como as intervenções eram pequenas, a reforma não passaria de vinte dias, e quando estava quase tudo pronto começou a bater certo desespero. E depois de tudo pronto, como e quando eu a veria?

Tocou meu celular, identifiquei imediatamente o numero, era Lilian, sexta-feira às dezessete horas? O que será que ela queria? Atendi, ela me disse que queria falar comigo, que conhecia um lugar legal e que seu não gostaria de ir, aceitei na hora! Liguei pra Camila disse que tinha surgido uma emergência e que iria demorar um pouco.

Fui até a casa de Lilian, estava realmente quase pronta, faltavam pequenos detalhes, apenas do lado de fora, já dentro, até os móveis já estavam todos no lugar, senti uma tristeza profunda, quando a percebi na janela, me convidando pra entrar. Abri o portão e caminhei pensativo até porta, Lilian abriu com um grande sorriso e disse ainda bem que você veio. Quero comemorar, só que quase não conheço pessoas aqui, então resolvi chamar você.

Aquela explicação não foi algo que eu queria ouvir, mas foi bom saber que eu fazia parte do seu rol de amizades, só que eu queria mais do que isso, queria ser seu amante! Pensei em dizer isso pra ela, mas fui interrompido, ela me puxou pelas mãos e me disse vem aqui ver.

Eu conhecia toda a casa, mas se ela fazia questão, fui com ela, paramos na porta do quarto, fez certo suspense, e abriu a porta fazendo, “tchãram”!

Olhou pra mim, e disse viu só, do jeito que eu queria, está maravilhoso! Me deu um abraço bem apertado, me rendi, e dei-lhe um beijo. Deixamos as coisas simplesmente acontecerem, rapidamente estávamos na cama, foi tudo mágico, não consegui explicar!

Depois desse dia, tenho me encontrado com ela praticamente todos os dias, mas ainda tenho minha família. Quando penso na Camila, fico perplexo comigo mesmo, como posso ser tão canalha! Isso tem me roubado o sono, tudo o que eu queria era estar com Lilian, mas sem fazer a Camila sofrer, penso na minha família, nas minhas conquistas, e em Lilian! Minha consciência me acusa.

Essa louca estória está me deixando doido, não consigo deixar de pensar em Lilian e também na Camila!

Por isso tenho que escrever isso, não sei como vai terminar essa estória, só sei que estou sofrendo por amar demais!

Alexandre Gomes
Enviado por Alexandre Gomes em 17/09/2008
Reeditado em 17/09/2008
Código do texto: T1182183
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