MACULADA

A tarde caia cinza e fria.

Do alto do quinto andar da Rua Veneza a empregada limpava os trapos da madame. Cansada de tudo e de todos passava horas a fio passando roupas a resmungar da vida que Deus lhe deu.

Quando não era isso, era aquilo, quando não era nem isso nem aquilo era aquil'outro; e assim seguia-se a rotina desesperada daquele ser mal-amado.

Saia de casa todos os dias ás 05:30 da manhã, ônibus cheio, metrô cheio, Trem cheio. E tudo isso para chegar naquele Trêm onde trabalhava tediada. Pegava todos od meios de transporte que um pobre poderia usufruir.

A infiliz da pobre empregava odiava pegar ônibus, todos os dias reclamava consigo mesma dos 'tarados' que ficavam com seus paus eretos a esfregar aquela "coisa miúda" em sua bunda. Más, quando passava um jovem, negro ou não, ela amava sentir aquilo encontrando a fenda dos dois montes. Com um súbito improviso, parava de pensar nos homens que abusavam de má fé do aperto do lixo público, para se auto-destruir com as preocupações do trabalho, o que lavaria primeiro, se o banheiro ou a louça, a roupa ou as janelas.

E entregava-se ao mais puro desazelo á vontade de não fazer nada, a vontade de ser qualquer coisa menos uma mera empregada doméstica.

Ás 18:00 voltava para casa cansada, arrumava comida para o filho e o marido. Sim ela era casada e mesmo assim sentia vontade de ser encoxada no ônibus por algum jovem. Não por velhos, por que de velho ja bastava seu marido.

E ia pra cama dormir, não queria ao menos daum uma trepada com ele, ele já não mais a satisfazia.

Os dias seguiam-se assim: de casa para as encoxadas, das encoxadas para o trabalho, do trabalho novamente ás encoxadas, depois, para casa com seu marido e filho. Quando antes não passava no buteco para ver quem seria o próximo a pagar uma dose de qualquer coisa com álcool.

Até que um dia seu sonho realizára-se: conheceu o homem mais lindo e perfeito do mundo, que a fez largar marido, filho, emprego para que pudesse entregar-se ao álcool, sexo e uma vida de rainha, que numa sexta-feira ´atarde acabou com aquela maldita alma cinza e fria cortada em pedaços e jogada ao lixo.

Deimien Deinch
Enviado por Deimien Deinch em 09/09/2008
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