O MONSTRO DA LAGOA NEGRA
Quando anoiteceu naquela quarta feira todos nós fomos para o Cine Itatiaia assistir ao filme, preto e branco, que prometia (e cumpriu) fortes emoções.
O enredo era simples...
Desaparecimentos estranhos estavam acontecendo com a equipe de cientistas que, em pesquisa pela Amazônia, havia entrado num igarapé e descobrindo a lagoa negra, cujo fundo não era detectado pelo sonar, jamais pode sair de lá.
Todo sistema de comunicação fora afetado por uma força inexplicável. Vinda, não sei de onde, outra equipe formada por policiais e cientistas encontra o barco danificado e sem tripulação.
Essa nova equipe tenta rebocar o primeiro barco, mas algo prende as duas embarcações.
O maquinista experiente veste a roupa de mergulho e vai verificar o que está acontecendo lá em baixo. Mergulhou, mas não voltou.
Anoitece e a lua deixa um rastro prateado na água escura, ressaltando os redemoinhos que aos poucos vão se aproximando dos cascos lodosos.
O fundo musical deixa a todos em suspense e o medo dos componentes da platéia era quase palpável... Tridimensional.
Em sua cabine, a jovem cientista está tomando banho, quando pela vigia aparece a mão de tartaruga com garras tateando para entrar... um marinheiro tocando gaita de boca, sentado no tombadilho é atacado e arrastado para dentro d’água, deixando o rastro de sangue.
Na escuridão mal dava para ver o monstro...
Mas em dado momento, a luz da lua revela a figura horrenda, bem maior que um homem, cabeça de peixe, barbatana dorsal longa e eriçada, pés e mãos de tartaruga, com garras enormes e dentes, muitos dentes brancos e afiados como punhais na bocarra aberta.
Reuni o resto da coragem e quase correndo voltei para casa.
No caminho, cada esquina era uma armadilha onde o monstro estava à espreita...
O eco de meus passos, eram os passos do monstro que estava atrás de mim e tal como em pesadelos, quanto mais eu corria mais a casa se distanciava e mais próximo o monstro chegava.
Não consegui dormir...
Levantei várias vezes para ir ao banheiro e beber água...
Cada vez que fechava os olhos, a imagem do monstro se materializava ao lado da cama...
Mamãe me deu um “remédio para dormir” e ficou sentada no pé da cama esperando que o remédio fizesse efeito.
Depois de adulto eu soube que o remédio era água, açúcar e algumas gotas de tintura de iodo (para dar cor e sabor).
Entretanto até hoje, não sei como termina o Monstro da Lagoa Negra, o filme...