O sócio

           Geni era uma mulher linda, maravilhosa visionariamente falando, que por sorte e alguma insistência acabou sendo minha companheira, mas como o destino é traiçoeiro, esse pregou uma peça em mim.

Morávamos num apartamento, ela, seus três filhos e eu. Todos os dias eu saia para trabalhar numa lojinha bem próxima do prédio, mas nem para almoçar eu voltava, acontecesse o que acontecesse, em casa era só mesmo à noite com finalidade de desfrutar de seus carinhos e dormir, para no dia seguinte acordar descansado.

Depois de muitos anos de convivência, lá pelas curvas dos quarenta,  toda vez que eu entrava na portaria eu ouvia alguém dizer sobre uma sociedade anônima. Eu era que nem radio velho de quem vira o botão e nem liga, tava nem ai para aquela conversa, até porque eu era um micro empresário e jamais pensara numa sociedade, fosse ela anônima ou não.

Ia levando, supostamente, uma vida normal, mas quando no prédio eu entrava ouvia alguém repetir o termo “sócio” e até frase como: “você viu o sócio hoje"? Continuava meu destino, como sempre, tava nem ai para o azar.

Até que um dia, resolvi interromper meu expediente na lojinha para ir em casa apanhar uns documentos para transferir ao meu nome o veiculo que havia comprado, ai é que eu fui descobrir o que significava a sociedade a que as pessoas se referiam.

No meu andar desci do elevador e me dirigi à porta de casa e antes de abri-la resolvi examinar, fazendo uma comparação para ver se a porta era igual, mais bonita ou mais feia que as dos vizinhos e nela estava pendurada a placa com os seguintes dizeres: “Aguarde, estou em reunião com o sócio, se não tiver com muita pressa volte mais tarde.”

Mesmo assim, tinhoso que sou, virei a chave e abri a porta e lá dentro estava Geni e Osvaldinho, meu amigo, se abraçando e se beijando nuinhos sobre a cama. E sabe o que aconteceu? Geni mandei embora e Osvaldinho foi ser meu parceiro na loja, hoje somos grandes empresários: eu durmo na casa dele enquanto ele fica na loja.