Conforme a Música ou o Instrumento
Amo a música. Talvez seja uma das coisas de maior valor da minha existência. Existe uma para cada evento, para cada acontecimento.
As músicas que mais gosto estão irremediavelmente ligadas também às pessoas que amo, igual ou mais intensamente.
Acabei por perceber que a vida da gente vai acontecendo como uma música que vai tocando. Em alguns momentos, parece um grande baile, com direito a coral e orquestra, algumas vezes, daqueles shows de rock and roll que tiram a gente de si. Porém, algumas vezes é tão comum quanto uma rádio FM e também temos dias daqueles radinhos a pilha, daquela marca bem “fuleira”, com direito a chiado até acabar a pilha no melhor da música, sem conseguir ajustar a sintonia.
Sempre quis aprender a tocar algum instrumento musical. Quando criança não dava. Depois de adulta, estudei violão quase dois anos, mas agora toco bem pouco. Aprendi alguns acordes de guitarra que é um instrumento fenomenal. Estudei canto e isso me deu segurança, cantar faz a gente estar nas nuvens com os pés no chão.
Mas devo confessar, minha grande paixão é o piano. E penso que a vida da gente é igual a um instrumento desses. O piano é belo por si, na forma, na estrutura, na imponência, na complexidade de suas teclas pretas e brancas se intercalando, na sonoridade hipnotizante. Tão completo que não precisa de outros instrumentos para ser apreciado.
Às vezes nos comportamos como pianos. Porém, não nos atentamos para a escolha dos pianistas que nos tocam. Embora um piano seja um instrumento que emana força e necessite de dedos fortes para tocá-lo, é necessário dedicação, conhecimento e delicadeza para a música fluir limpa, melodiosa e não desafinar. Quem quer tocar piano, deve fazê-lo com as mãos.
Nunca vi piano ser tocado com martelo.