...Foi bom pra mim... E pra você?
...Foi bom pra mim... E pra você?
Os raios do sol matutino entraram pela clarabóia do celeiro e iluminaram os corpos suados e arquejantes de Maria Rosa, a Mara e Eduardo, o Duquinha. O jovem casal de pré-adolescentes havia passado uma noite agitada. A menina Mara recém saída da infância com o rosto afogueado olhou para o companheiro Duquinha, tinha os olhos brilhando de excitação; gotículas de suor na fronte rosada grudavam fios de cabelos da cabeleira negra amarfanhada da agitação noturna. A respiração ofegante fazia os pequenos e túrgidos seios agitarem-se, indóceis, sob a blusa semi-abotoada. Discretamente, mal disfarçando o pudor, a menina-moça puxou a barra da saia para encobrir as bem torneadas coxas que estavam à mostra. Olhando ao derredor a jovem Mara avistou as sandálias jogadas sobre as palhas do assoalho, ao acaso.
Deitado ao lado de Mara, o seu parceiro Duquinha aspirou profundamente o ar da madrugada finda, estufou o peito ainda imberbe, desprovidos de pelos, apoiou os cotovelos no assoalho coberto de palha úmida do suor do casal; semi-ergueu o tronco, virou a cabeça para a namorada e olhou-a com imenso carinho, o castanho escuro de seus olhos brilhando de intenso amor. Carinhosamente arrumou os cabelos da namorada e abriu um largo sorriso divertindo-se com evidente embaraço da mocinha de faces enrubescidas. Pensativo, imaginou a cara de satisfação de seu pai quando ele contasse o resultado da sua aventura. Com um leve sorriso se lembrou do embaraço dos dois, do atrapalho de suas mãos inexperientes, do movimento de seus dedos, ora febris, ora pausados, quase lentos, movimento-se mais por instinto que por conhecimento. Às vezes Mara deixava escapar um soluço contido. Às vezes prendia a respiração até quase perder o fôlego. Às vezes demonstrava espanto diante dos fluidos corporais. Às vezes...
Duquinha ainda não acreditava que a garota ao seu lado tinha conseguido arranjar coragem, sabe-se lá como, para aceitar a proposta até certo ponto bem ousada. Ainda na véspera da viagem dos seus pais para passar o feriadão na fazenda do pai da namorada eles haviam combinado todos os detalhes pelo MSN. No início, ela tinha-se mostrado reticente, que se seus pais descobrissem era bem capaz que o mundo desabasse sobre sua cabeça e que dependendo das circunstâncias ela podia até se machucar. Que podia acontecer tanta coisa... Ele por sua vez argumentara que ele tomaria todo o cuidado para ela sentir-se bem. Que a primeira vez era assim mesmo, mais que ela ficasse despreocupada, que ele havia conversado com pai e que ele tinha sido bem camarada explicando tudo para ele, nos mínimos detalhes, e, mesmo porque, ele havia assistido vários DVD’s que mostravam exatamente o jeito certo de fazer as coisas, que de tanto assistir os filmes, ele, Duquinha, já se sentia um ‘expert’ no assunto, por fim ela concordara, temerosa, mais concordara. E tudo ficara acertado, assim que eles chegassem à fazenda era esperar todos ficarem descuidados, cada um dos dois que desse um jeito de chegar até o celeiro. Se não fosse possível no primeiro dia e primeira noite, tentariam no segundo dia e na segunda noite e no terceiro dia e na terceira noite, afinal, eles teriam todo o final de semana e mais o feriado, era só uma questão de paciência e jeito.
E agora estavam os dois ali, sentados, o dia amanhecendo do celeiro, eles suados, cansados, encabulados mais contentes.
Displicente, Duquinha pegou uma palha levou-a até a boca e mordiscando-a falou para a namorada ainda incrédula com a coragem que ela tivera durante toda a noite:
-Mara, agora a gente tem que ir até o riacho para limpar essa gota de sangue que pingou na sua saia e depois a gente vai até a sede da fazenda e contar pra “TODOMUNDO” o que nos fizemos hoje à noite. Mara arregalou os olhos, levantou-se, e depois de recompor a roupa, encarou-o algo amedrontada e exclamou:
-Você não me disse que a gente teria que contar pra “TODOMUNDO” o que nos fizemos.
Orgulhoso, o garoto ajeitou o cós da calça à cintura com os dois antebraços, endireitou a gola da camisa, jogou a cabeça para trás para tirar o cabelo da testa, estufou o peito, levantou o queixo e retrucou encarando-a nos olhos:
-Mas é claro que temos que contar. Temos que dizer que a gata “Malhada” deu cria de oito filhotes e que nos ajudamos no parto, afinal, você sempre disse pra “T... O... D... O... M... U... N... D... O” que queria ser médica veterinária. Ainda bem que o capataz te avisou na semana passada que era bem capaz da “malhada” dar cria nesse feriadão.
Concordando com Duquinha a namorada respondeu:
-É... Você tem razão... Foi bom pra mim... Eu gostei de assistir e ajudar no parto da malhada. E pra você?