É A LEI, SEU GERSON
Seu Gerson chegou bravo. Seu Silva indagou sobre o motivo do ranço. “Esses políticos sem vergonha que me dão nojo”, disse o seu Gerson. Seu Silva quis saber mais a respeito da indignação. “É que tem um vizinho aí que é candidato. Ele esteve lá em casa, me pediu voto e disse que era para eu contar com o trabalho dele”. Seu Silva ainda não tinha entendido o porquê da fúria do seu Gerson. “Acontece que eu procurei o sem-vergonha, porque a semana farroupilha tá chegando e eu precisava de uma pilcha nova. Só pedi para ele me pagar a água e a luz para me folgar dos pilas”. Seu Silva já ficou intrigado. “Só que o ‘fiadapulícia’ não pagou coisa nenhuma, dizendo que não podia, que não sei quê, que a Lei não deixava. -É a lei seu Gerson, não posso comprar seu voto- ora, a Lei não deixar. Se eu quero vender, não tem de lei não deixar e outra que ninguém precisa saber, tchê”.
Seu Silva ainda não achava motivos para chamar esse candidato de sem-vergonha. “Ah, mas tem mais”, continuou o seu Silva. “Pedi que ele me desse uma mão numa Bolsa de Estudos aí para minha filha e até isso ele me negou. Ainda dei outra chance pro infeliz, mas já tomado de nojo, para que ele patrocinasse uma carnes e umas cervejas pro meu piquete. O infeliz só sabe falar em Lei que não permite. Baita sem-vergonha. Esses aí, se elegem com nosso voto, ficam lá, ganhando às nossas custas e não repartem com o eleitor. Falei umas verdade para ele e disse que o meu voto ele tinha perdido, esse sem-vergonha. Não quer, tem quem queira”. Seu Silva esperou o a amigo tomar um ar. “Olha, seu Gerson, não vou lhe dizer o que fazer. Só lhe peço que me diga o número desse candidato aí. Porque o meu voto ele acabou de ganhar”.