O cachorro assassino
Começo dos anos oitenta...
Sombra passeava com sua filha mais velha no Parque do Ibirapuera, quando -a pedido dela- pararam num espaço reservado onde os cães eram treinados por especialistas no assunto.
Havia uma cerca que separava os melhores amigos dos homens, das pessoas que passeavam por ali, indicando com isso, que a segurança de todos estaria resolvida...
Sua filha -com cinco anos de idade- era totalmente fascinada pelos cães.
Sombra e ela ficaram um bom tempo -entretidos- admirando aqueles belos animais quando, de repente, surgiu -não se sabe de onde- um imenso Pastor Alemão, latindo ferozmente para a menina, como se estivesse com ódio daqueles treinamentos e, tentando de todas as formas, colocar a sua raiva para fora.
A garotinha que estava distante de Sombra, pelo menos uns dois metros, apavorada com aquele ataque gratuito, se pôs a gritar -desesperadamente- chamando pelo seu pai.
Sombra gritou com o cachorro, tentando chamar -para si- a atenção do animal, com o intuito de fazê-lo mudar de rumo, porém, o seu grito de nada adiantou...
O descontrolado cão, que babava de ódio, já tinha escolhido
a garota como sua vítima...
Quando Sombra percebeu que nada neste mundo, desviaria o cão de seu intento, saltou sobre ele, segurando em suas orelhas levantadas e, como um louco, começou a mordê-lo no pescoço, arrancando-lhe os pelos, fazendo com que o sangue escorresse pela grama.
O imenso cachorro, pego de surpresa e, amedrontado com aquele ataque, abriu, sem querer, as comportas de sua bexiga urinando-se pelas pernas abaixo, sem fazer o gesto característico de levantar uma das patas.
Sombra jamais teria feito isso, caso houvesse alguma possibilidade de conter o ímpeto assassino daquele cão, que, muito provavelmente, também era uma vítima...