Ladrão dorminhoco
24/04/08
Ladrão dorminhoco
Cansado de alguns terem tudo e ele nada, o homem resolveu ir de casa em casa saquear as jóias alheias. Objetivava vendê-las para ter uma vida de sombra e água fresca no Caribe.
Estudou muito bem o plano, concluindo que só a noitinha, quando todos os moradores estivessem dormindo, roubá-los-ia sem mais delonga.
Adentrou o primeiro imóvel, de acesso aparentemente fácil, já que a dona viu os seus bens serem saqueados, sem nada fazer por medo de ser lesionada, fingindo estar dormindo. Por vez, olhava para o ladrão objetivando o dia seguinte, quando faria o retrato falado ao denunciá-lo.
Depois de ter deixado a primeira vítima “pobre, pobre, pobre de marré desse”, foi assaltar a segunda casa. Porém, dessa vez, deu-se muito mal, pois a família ficava “altas horas” discutindo sobre política ou algum assunto pendente.
Mesmo assim, não desistiu: escondeu-se debaixo da cama. No escurinho do quarto, adormeceu. Nesse espaço e nesse tempo, até sonhou que era um sultão muito rico, cercado de belas mulheres. Tadinho, só pensava em boa vida.
Mariquinha, a moradora dessa última residência, foi deitar-se mais cedo. Tinha o hábito de olhar debaixo de cada cama para ver se havia inseto, sujeira ou talvez algum intruso.
Deu sorte. Ou azar? Lá estava um estranho dormindo, profundamente.
Ela saiu na ponta dos pés e contou para seu marido que havia alguém em seu quarto, debaixo da cama.
Não falou nada. Pegou a espingarda e com voz de coronel, ameaçou o golpista.
O pilantra acordou assustado e correu em disparada.
Nunca mais ousou furtar a quem quer que fosse, pelo menos naquela casa, onde viveu um destemido coronel, rico, ladeado de belas mulheres!
Adriana Quezado
XXVII Concurso Literário
Classificada 13º