Carro 2008
12/06/08
Carro 2008
Estava dirigindo, entre curvas perigosas, o seu carro automático, quando sentiu uma necessidade de ouvir música.
Apertou um botão, como o carro era todo automático, cada toque, uma nova função. Estranhou o som estarrecedor. Era como se fosse um grito, talvez de socorro, mas ela não estava em perigo.
Ou estava?
De repente, viu uma rádio patrulha em sua direção. Ficou com muito medo de estar no meio de fogo cruzado, mas continuou seu caminho, porque só havia aquela direção de volta para casa.
O policial fez sinal para ela parar. “Por que parar, parar por quê?” Será que era o comando para ela mesma? Não fez, nada. Apenas estava voltando tarde demais para casa.
Para não ser presa, por desacato à autoridade, parou.
O policial perguntou de quem era o carro. Respondeu que era dela. Algum problema?
E o agente perguntou porque o alarme tinha disparado. Foi quando lembrou-se de que havia apertado o botão errado.
Mas o policial, não quis conversa, exigiu todos os documentos pessoais e do carro. Ele era do tipo que queria saber tudo minuciosamente, mas na hora errada. Quando a gente precisa da polícia, quase sempre não há uma por perto.
O policial pensou que ela estava furtando "seu próprio carro".
De repente, ao mostrar sua Carteira de Identidade, o policial analisava-a atentamente, deixando-a apreensiva, sem entender nada. E os outros documentos?
O policial falou que havia algo errado: constava Aurora no Estado de Santa Catarina. Só conhecia Aurora no Ceará.
Ela achou que o policial estava zoando com a sua cara.
Pegou o registro da mão, do policial, com tanta raiva, que ficou com medo, de ser presa. Olhou, mas não acreditou.
Realmente, constava Aurora–SC como sua cidade de nascimento. Com a expressão facial que fez, até o guarda observou, que a cidadã era inocente, aconselhando-a a revalidar o documento, porque outros poderiam não acreditar na sua versão ou na sua cara de anjo.
XXVII Concurso Literário
Classificada 13º
Adriana Quezado