DOMINGO À TARDE
Naquele domingo, levantei-me cedo como todos os demais dias da semana.
Desde criança nunca gostei de ficar na cama até tarde, mesmo tendo o dia livre.
Acho que o corpo humano se sente melhor levantando com o sol.
Como de costume logo de manhã fui ao mercado próximo de casa, buscar algumas coisas para o almoço do domingo.
Já é um hábito, ter que preparar algumas coisa diferente para comer, quando estamos de folga. Os demais dias da semana, a vida é um pouco corrida, portanto, nos conformamos em comer coisas mais rápidas e práticas.
Depois do almoço, como nem sempre tenho alguma coisa para fazer, a opção é ver televisão ou estar deitado em um pequeno colchão debaixo das árvores que tenho no quintal. Devo, porém deixar claro que gosto muito de ler, e acho muito bom quando tenho um bom livro para fazê-lo. Nunca gostei de sair de casa com freqüência e qualquer coisa para mim é pretexto para ficar em casa.
Aquele dia então foi mais um, daqueles que eu ficaria descansando.
Eram mais ou menos quatro horas da tarde.
Não tinha nada para fazer.
Peguei uma cadeira e como de costume fui sentar em frente à minha casa.
Morava em uma avenida bastante movimentada e sentar ali, corria o risca de ver sempre alguma coisa diferente ou até aparecer alguém para bater um papo pois tinha muitos amigos no bairro.
Era um meio de ajudar o tempo passar.
Estava ali sozinho nem me lembro se pensava alguma coisa ou se estava dando um tempo de folga para o cérebro.
Olhando para um lado da avenida vi que caminhava em minha direção um casal de pobres mendigos que vinham ali a passos curtos cumprindo os prazeres do destino, que lhes foram reservados.
Achei que iam passar direto,mas,não aconteceu.
_ Boa tarde senhor.
_ Boa tarde _respondi.
_ Posso falar com o senhor? _ apressou-se o homem.
_ Fique à vontade,
Olhei para os dois, tentei adivinhar o que pensavam.
Observei suas roupas que já estavam bem sujas. Ambos usavam chinelos.
A mulher com os cabelos desmanchados, pois, com certeza não tinha um pente para penteá-los.
O homem tomou coragem. Respirou fundo e...
_ Senhor, desculpe incomodá-lo em sua hora de descanso. Saímos da nossa terra nas Minas Gerais e viemos para cá tentar a vida, isto é, uma vida melhor.
O tempo está passando, o dinheiro acabou e nada conseguimos até agora.
_ O pior é que não temos como voltar. _ completou a mulher _ e ele continuou.
_ Se não fosse incômodo, estamos com fome e não temos outro jeito, senão pedir.
Olhei par os dois, senti pena, pois quanta gente vive selecionando o que comer.
Levantei-me pedi para que esperassem um pouco. Fui até à cozinha, por sorte havia bastnte comida sobrando.
Fiz dois pratos sortidos e levei para eles.
Quando entreguei a cada um o seu prato vi a felicidade estampada em seus olhos.
Sentarm-se encostados no muro e começaram comer.
Aos poucos os dois pratos estavam vazios. Quando acabaram ofereci...
_ Querem água ou refrigerante?
_ Se o senhor tem queremos refrigerante _ respondeu a mulher.
Busquei dois copos cheios e entreguei a eles.
Beberam tudo.
Descansaram um pouco, e eu pude observar que estavam felizes por terem conseguido alimento e eu mais ainda por ter praticado esta boa ação.
Tentei por um momento adivinhar o que estavam pensando, mas foi impossível.
Depois de algum tempo levantaram-se e pediram licença, agradeceram e disseram que tinham que ir embora. Disse a eles para ficarem à vontade.
A passos curtos começaram descer a rua que cruzava a avenida.
à medida que iam se distanciando, fiquei a olhá-los e dentro do meu íntimo não sei dizer se estava feliz com o que acabara de fazer ou estava triste por pensar que a vida para eles continuaria o mesmo.
E foram descendo, descendo e na próxima esquina entrarm em outra rua.
Fui seguindo seus passos até desaparecerem. Fiquei pensando o porquê, mas, não encontrei resposta,
Peguei a cadeira onde estava sentado e fui para dentro. Na sala liguei o som. Uma música antiga me chamou à atenção. Comecei cantar junto e outros pensamentos vieram à tona.
E assim o domingo continuou para mim e para eles também.
Isso é a vida!!!