MINHA VIDA
Quando aqui cheguei eu vim vazia de lembrança.
Vim criança.
De outra vida precisamos esquecer...
... pra nascer...
Mas os dias vinham me trazendo alguns flashes do passado.
Era uma menina ainda e via coisas que pareciam já terem acontecido.
Diziam que não tinha sentido.
E eu afirmava que tinha sim.
Que era importante pra mim.
Era um lugar que me fazia recordar.
A sensação de coisas no ar...
Uma pessoa que mal conhecia e que de outros tempos me fazia recordar...
Eu me punha a contar...em poemas e contos estava sempre a narrar...
Isto acontece a tanta gente. Não é uma coisa assim tão diferente.
Então aos meus quinze anos eu vi me chegar.
Quinze primaveras... quinze dores.
Quem pode explicar a uma menina que está desabrochando que seu mundo pode estar desmoronando?
Fase dura... vida dura... e quanto escrever!!! Quanto a contar em prosa e verso deste sofrer!
Como vencer?
Como não desistir do viver?
Uma pessoa muito especial o mundo me preparara pra conhecer.
Ele veio me mostrar onde forças eu podia encontrar. Me ajudou a superar apenas com palavras doces e a ternura de seu olhar...
Pronto...estava de novo em contato com o mundo...se bem que a vida já tinha me ferido bem fundo.
Dezoito anos. Esperanças...quimeras...novas eras.
O amor chegando...meu viver enfeitando...o amor a levitar me deixando.
A mocinha sorridente vivia contente.
Unir-se ao amado... o caminho estava traçado.
Vinte e cinco anos... um filho chegando. Meu mundo encantando.
Alegrias... tristezas...proezas...
Tudo mesclado em meu viver...a felicidade e o sofrer.
Em meio a isso lembranças chegando... outros tempos voltando. E novamente eu estava contando... eu poetando... eu versando...
Eram lugares, pessoas, fatos...
Destruía tanto de meus escritos...mesmo os achando tão bonitos.
Ler e escrever sempre foi paixão. E em certos momentos virava comichão. Vivia com caneta na mão (depois máquina de escrever...depois computador...).
A vida seguia...eu seguia... somos nós que seguimos...caminhamos como um rio que busca o mar...
Muitas dores, muita luta... meu filho precisava de todo meu amor e dedicação...aos poucos eu começava a compreender minha missão.
Outro filho anos depois...este me chegava e parecia que me renovava...ele simplesmente outro ângulo da vida me mostrava.
Os anos passavam e dentro do peito eu tinha sempre a sensação de uma busca.
Uma constante busca.
Mas busca de quê?
Mais flashes do passado. Mais lembranças em pessoas que me chegavam, em lugares que eu conhecia e parecia reconhecer.
A Internet me abrindo portas...meu trabalho eu podia mostrar... muitos leitores podiam me apreciar. Tanta coisa que eu tinha guardado eu podia mostrar.
Reviravolta... separação... revolta... a vida dá tanta volta...
Dor...desilusão.
Uma doença chegando...depois de tantos problemas passados...
Pra que contar? Já foram todos superados...
Alguns trabalhos editados...romances pequenos publicados...
Escrever...escrever...
E a estrada à frente.
O tempo que não mente...
Que voltar não consente.
Mas que permite que cortinas se levantem.
O tempo que guarda e mostra.
Que mostra e esconde.
A idade madura chegando...
Serenidade... maturidade...
E ainda assim... e mesmo assim a busca da verdade... esta que pertence à eternidade...
Minha vida não tem sido um mar de rosas, nem um mar de lágrimas...
Simplesmente uma vida...
Um caminho pra se percorrer dentro do tempo...
Do que trouxe...do que levarei um dia... (porque acredito que isto que vivemos aqui é tão só uma estadia).
Penso que a vida não se restringe a este tempo que aqui passamos...ela é muito maior... imensamente maior...
Temos os nossos caminhos...as nossas oportunidades de aprendizagem e progresso... e partimos pra continuar...
Nascer, morrer...renascer e remorrer...
São meus pontos de vista...(meus)... e deles conto apenas...a ninguém tento influenciar...quem me lê quero que possa admirar.
É o meu jeito de contar...
Numa crônica hoje um pouco de mim eu quis falar.