cotidiano
Perto de onde moro tem uma igreja e um padre que vive transando com a minha vizinha. Nem preciso ser um observador assíduo, percebo muitas coisas: os garotos que vivem de sacanagem aqui no prédio por exemplo, Toni já está na puberdade, Elton, tem apenas dez anos. O maior molesta o menor e ninguém desconfia. Brincam juntos quase todo o dia, aparentemente sadias as brincadeiras. Toni já deve Ter descoberto sua ejaculação. Elton, ainda é muito preso aos bonecos com os quais brinca inventando situações de luta e personagens. Toni tem uma irmã, Denise. Outro dia, da varanda do meu apartamento, vi o pai deles bolinando a menina. Por que que tudo é sexual? O sexo rege o homem, é assim. Quando pequeno desejava satisfazer meu pai sexualmente, mas nunca aconteceu. Ele gostava de seios fartos, e de quando em vez, eu simulava seios fartos imaginando situações nas quais meu pai me possuiria abocanhado naquelas tetas. Talvez seja por essa precoce sexualidade que nada me faz ficar perplexo. Não sou gay, gosto de comer. Gay não come, gay só dá. Sei disso porque comi umas bichinhas que me disseram que nunca comem, gostam mesmo de dá. Perguntei só pra Ter certeza. Também não sou um voyeur. Só observo com atenção o cotidiano. Aqui no prédio também tem um casal gay, dois homens. Nunca falei com eles. Meu pai também não ia gostar nada disso. Hoje é aniversário da minha mãe, vai ter uma comemoração restrita, mas não vai faltar brigadeiro e salgado de queijo, que gosto tanto.