MORTE NA PEDREIRA!

MORTE NA PEDREIRA!

Joaquim Távora, era um canteiro de obras. Um verdadeiro formigueiro humano. Dava gosto de ver todos trabalhando e ninguém atrapalhando. Corria o ano de 1979. Era lindo o circular dos caminhões caçamba, em ritmo constante, carregando material para a aplicação do asfalto. A pequena cidade do norte velho do Paraná, nunca tinha visto tanta gente circulando. Muitas solteironas desencalharam com a vinda do asfalto. É até hilário dizer que para se desencalhar é preciso estradas boas.

A pedreira de vez em quando explodia para ajudar na retirada de pedras de todas as espécies, que depois seriam transformadas em britas. Esse lugar parecia Serra Pelada. Ficava na estrada que liga Joaquim Távora a Carlópolis. Bem na margem da rodovia. A placa de acidentes acusava, zero acidente. O Sr. Zé do Fogo. Figura muito respeitada entre os empregados das companhias que trabalhavam na obra. Ele corria pra todo lado, sempre cuidando para que nada de errado acontecesse com seus “soldados”. Manipular explosivos requer muitos cuidados. E ele era muito capaz.

Entretanto naquela manhã uma nuvem de tristeza desceu sobre aquela euforia. Um dos melhores homens comandados por Zé do Fogo estava morto. Tudo aconteceu tão de repente. Depois de efetuados os buracos na pedra elas eram enchidas de explosivo e em cada orifício era colocado um pavio plástico que seria aceso para causar a explosão do material. Reinaldo era muito experiente. Já tinha feito explodir muitas bombas naquela pedreira. Infelizmente naquele dia, o pavio de um metro de comprimento, teve uma grande falha. Não deu tempo para Reinaldo correr. O fogo saltou direto para o buraco. As bombas explodiram. Reinaldo foi atirado para o ar como num campo de guerra. Uma nuvem cinza cobriu toda a pedreira. E bem no meio da pedreira foram sendo encontradas partes do corpo do pobre homem. Aqui a cabeça deformada com o couro cabeludo. Ali uma das pernas. Lá um braço. Cena horripilante. Tétrica. Suas carnes pareciam feitas de borracha. Não dava para acreditar que naquele corpo tivesse vida. Soube-se que essa empresa responsável pelos pavios foi a culpada pelo acontecido. A placa de acidentes da CIPA agora marcava um acidente com uma morte.

Theo Padilha, 6 de agosto de 2008

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 06/08/2008
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