Tristes _ Versos
Ela, que poetisa não era, colara no Mural da Vida
suas mini poesias, verdadeiros haikai.
Poemas em rimas pobres, estilo nada original e romantismo
ultrapassado, beirando o mau gosto, denuncia de amadorismo.
Entretanto, relendo-as chegava a sentir-se orgulhosa!
Falavam de sentimentos verdadeiros, alguns até sublimes,
e outros como suas cenas de ciúme, Nem Tanto...
Mas sempre expressavam VERDADE. Por isso, entristecia-lhe
que ele não as tenha lido, embora estivessem ali, estampadas
em seu rosto e nos seus atos, mesmo os mais absurdos...
Agora, como para muitas coisas na vida, é muito tarde.
Retiradas do “Mural”, seria impossível “Copiar e Colar”
Mas Vaidosa como todo amador, não deixaria de registrar
algumas, nem que fosse pelo prazer egocêntrico de dizer:
“Fiz Mais e Melhor Que Você!”
Claro, não se refiria a Poesia, Literalmente.
Falava de Sentimentos e de como soube demonstra-los.
Falava dos Seus momentos poéticos. .. Da intensidade vivida.
Se hoje ele colocasse no “Mural” a mais bela de todas
as poesias, derramando-se em Mil Juras de Amor Eterno,
"Ainda assim, Seria Sempre Menos..."
Essas são algumas das muitas “poesias”...
”ATITUDE”
Repare! Que versos ousados, cheios de atitude, produzira
assumindo alto e bom som, Que estava Apaixonada!
Não confidencialmente, como a cometer um crime, mas aberta
e enfaticamente. “Versos” de tamanha coragem fizeram-na
sangrar, literalmente!
(Florbela Espanca ficaria extasiada!)
Quem sabe, se tivesses conseguido “Ver essa poesia”,
entenderia o que é Realmente “Atrever-se e Arriscar-se”
“Indecisão”
Repare! As rimas harmoniosas da sua indecisão!
Sinta a Dor e o Medo, sublimados pelo desejo de agradar!
Veja a luta travada consigo mesma, tentando “crescer”
Incansável, buscando “a estrofe perfeita”, e tudo fazendo
para adequar-se e adaptar-se aos seus altos padrões...
Esperando, quem sabe, talvez, Um dia... Ser Aceita
“PAIXÃO”
Repare! Que lindo soneto dariam as suas lágrimas!
Ela e todos seus sorrisos e rubores, na cadeira a girar,
cheia de “trejeitos e afins”
Nesse estilo, fora in-ba-ti-vel! Te superou! E muito!
Superação que nada tem a ver com ortografia e métrica.
Falo de Sinceridade, Coragem, Transparência!
E não de “colagens medíocres” de Romances Idem.
“AUSENCIA”
Repare! Quanta saudade e vazio tua ausência causou-lhe!
Mas ela, que poetisa não era, transformara essa saudade
em versinhos singelos, declarações de amor, disfarçadas nas
letras de música...
Para não parecer possessiva e imatura, para provar-te que
seria capaz de entender tua preciosa liberdade!
Embora consumida pela dor e imersa em incertezas,
não tentara ”compor novos versos”, usando “nova inspiração”.
Mantivera-se fiel ao que acreditava ser um grande amor,
e isso lhe bastava! Do contrário, nem teria valido a pena,
e tantas poesias, não teriam passado de Simples Palavras...
“DESEJO”
Repare! Como estivera “passeando” pelas poesias de Helena V.
Afonso, a procura de versos “Adultos”.
Excitada, escrevera os seus próprios versos formatados
em olhares, suspiros, “uis e ais”, morder de lábios,
tudo no mais puro erotismo!
Às vezes meio tímida, contida sempre, mas não menos
apaixonada do que qualquer outra mulher!
Fizera promessas, nem sempre cumpridas, mas que se há de fazer?
Em muitos sentidos, ela era apenas uma amadora...
“PROCURA”
Repare! Como sua vida tornou-se uma eterna procura!
E como seus esforços nunca te pareceram o bastante...
Queria ser mais, dar mais, saber mais, sem preocupar-se
se era correspondida com a mesma intensidade.
Sofrendo amargamente, caso uma das "suas pobres rimas”,
saísse menos Perfeita, que uma doce manhã...
“LUZ”
Repare! Quantas poesias dedicadas a ti!
Estavam todas ali, esperando para serem lidas...
Quando, finalmente ela as “Leu”, percebeu que Tua Poesia
é Linda, Sim! Mas ela não queria apenas Falar de Sentimentos,
queria e precisava vivê-los...
Sabendo que muitos, perdem-se de si mesmos, mergulhando nesse
universo confuso, ela não queria fazer o mesmo.
Vira que teu ”silencio” em relação a tudo, não era apenas egoísmo
ou porque pretendia mante-la no anonimato Sempre,
"e Sim a Mais Absoluta Incapacidade de Abrir mão das Fantasias"
“FIM”
Repare! Não sei que versos ainda lhe restam escrever.
Versos de gratidão? (Efêmera, como o bem que você lhe fez?)
De amizade? (Infelizmente, ela já não acredita nisso)
De ódio? (Impossível, ela jamais odiaria a quem tanto amou)
Já sei! Ela Escreverá sinceros votos de “Seja feliz”
A sua maneira. Ame, a sua maneira. Viva a sua maneira.
Acabou a tinta e sobretudo, a preciosa inspiração...
Com você, está encerrada sua fase de pseudo poetisa.
De agora em diante, ela escreverá apenas crônicas cotidianas
Mas sempre lembrará de ti, com alguma dor e saudade...
Sentimentos de perda para ambos, mas por motivos diferentes.
Lamentando , Que Já Seja Tarde Demais Para Essa Poesia...
http://www.youtube.com/watch?v=TR3Vdo5etCQ
*Dont' Speak - No doubt