Tudo ou Nada

08/05/08

Tudo ou Nada

Tudo o que ela tem foi com muito esforço. Tudo o que ela sabe deve à sua mãe que a ensinava pensando no aprendizado e futuro de sua filha.

A mãe não tinha muita instrução, mas tudo o que sabia, gostava de transmitir aos seus filhos para que não ficassem analfabetos. Tentava prepará-los para uma vida melhor.

A maioria das crianças gostava da brincadeira de esconde-esconde. A jovem, sem exceção, também queria estar com as amigas.

Mais tarde, foi classificada num concurso, graças aos ensinamentos de sua mãe. E o salário dava para viajar pelo mundo. Escolheu ir a Las Vegas, cidade de jogos e muitos cassinos, indicada pelas amigas mais viajadas.

Viajou de excursão, que era mais divertido. Teria companhia de quarto no hotel, mas cada amiga tinha o seu próprio entretenimento: “uma por todas e todas por uma”. Resolveu, então, conhecer Las Vegas de perto.

Ficou hipnotizada com o colorido do lugar. Separou algum dinheirinho para jogar.

No cassino, dizia a todo instante: "perdi, perdi, ganhei, perdi, ganhei...”, e ria O importante era a distração, a alegria, a festa, pelo menos, até aquele momento.

Pensava que a qualquer momento conseguiria abandonar o jogo. Quanta inocência!!!

Assim que viu "uma chuva” de moedas caindo em seu colo, não acreditou, pois todos diziam que a primeira tentativa no jogo sempre dava zebra e, ela, inexperiente, estava ganhando. Era inédito. Seria sorte de principiante?

Tentou mais uma vez, mais e mais, ficando rica, muito rica, milionária.

Já imaginava repartir sua fortuna entre os parentes, para que eles melhorassem de vida, o restante seria dela, já que não era santa.

De repente, começa a perder, perder, até o último centavo, ficando pobre, pobre de "marré desse". Não teve alternativa, saiu do jogo antes de ficar viciada, a ponto de ficar devendo ao próprio cassino. Isso não pretendia mesmo.

Chegando ao quarto do hotel, as amigas todas acordadas, desesperadas, já ligando para a policia, imaginando que tivesse acontecido algo ruim com a colega.

Ela tranqüilamente contou que estava jogando até aquele momento, tendo ganhado bastante dinheiro, mas não sabia o quê tinha acontecido, eis que a máquina engolira tudo o que conquistara.

As amigas falaram que adquirir dinheiro fácil, extremamente fácil, só produz dor de cabeça. Lembrou-lhe de que o lugar tinha fama de pegar emprestado e não devolver mais.

Hoje em dia, joga por prazer, sem apostar sua vida. Dita até idéias para os participantes das mesas vizinhas e sugere que os cassinos sejam legalizados.

Adriana Quezado

XXVII Concurso Internacional Literário - Março 2009

Classificada 14º

AQAZULAY ADRIANAQ
Enviado por AQAZULAY ADRIANAQ em 02/08/2008
Reeditado em 07/08/2015
Código do texto: T1109649
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