Do Céu ao Inferno!

Lembro-me bem,

Tenho cinco anos

Estou no portão de casa

Brinco com alguns amigos

Meninas e meninos todos alheios.

O Jogo, amarelinha!

Pulando de casa em casa

Vamos todos em busca do céu.

Minha vez!

De costas para o tabuleiro

Riscado no chão, terra batida

Antes de jogar minha pedra,

Na tentativa de levar vantagem e

Ter a certeza de que o

Lançamento não vá rolar

Em demasia, troco a pedra

Por um pedaço de osso.

Uma omoplata bovina,

O pedaço de osso mais

Se parece com uma pequena

Raquete de frescobol.

O osso, limpo pelo tempo

E pelos cachorros famintos

Minha investida transforma-se

No primeiro desastre de

Minha infância.

O tal osso caiu exatamente

Na testa de uma das amigas.

A garota, toda ensangüentada

Tinha que ser a primogênita

Do Comandante de Polícia da

Pequena cidade onde nasci.

Vi estrêlas.

Uma após outra, enfileiradas

E com adorno em volta

O que as tornavam ainda mais

Vistosas e reluzentes.

Três em carreira sobre os ombros.

Por falar em carreiras

Foi o que fiz

Sem olhar para trás.

Durante as próximas seis semanas

Pela fresta da janela da casa

De minha avó, via o tenente-coronel,

Era o significado das

Estrelinhas todas juntas

Com adornos ao redor de duas.

A brincadeira acabou no osso.

Voltei ao inferno!