Sine quae non II
Léo e Léia casados há mais de vinte anos. Numa tarde durante uma conversa mundana, tiveram uma discução banal.
Léo não acatava a opinião de Léa, embora ela estivesse certa.
Léo sabia disso, mas a racionalidade de Léia era cortante como uma faca, naquele momento.
Léia sabia disso, mas agradava a ela sentir Léo acuado.
Léo, sem argumentos foi dar um passeio e se refugiar no seu cotidiano clube do bolinha. Sua vingança seria deixar Léia indecisa quanto a hora do almoço.
Léo volta pra casa por volta das três e meia. No banheiro encontra Léia caida no box. Ainda respirava.
Durante três dias Léo viveu em todos os infernos existentes. Não aceitava que a morte os separasse sem que tivessem feitos as pazes. Sem um último beijo.
Léia morreu.
Todos concordamos com o desejo eutanásico de Léo.
A espera de uma morte próxima é um lenitivo para o remorso.