QUANDO A VIDA PEDE UMA REFLEXAO

Tudo começou tao de repente, num momento em que minha vida

se resplandecia de entusiasmo e concretizaçao de sonhos.

As dores de cabeça inconstantes e incomodas se tornaram diarias.

No principio o uso de algumas aspirinas aliviavam, mas depois seu

efeito se tornou devastador, ponteciando a dor.

Numa destas crises fui levada ao hospital e depois de muitos exa-

mes a triste noticia.

O abalo e a dor diante da noticia da doença tao devastadora e

cruel me tragou para certas realidades.

O mundo ruia diante de mim assim como a certeza que nao haveria

tempo suficiente para voar de encontro aos meus projetos de vida.

Quantos lugares eu almejava conhecer, quantos continentes eu

ansiava visitar para acalmar meu espirito nomade.

Quantos desafetos de coisas tao pequeninas permitir que o orgulho

ceifasse para agora sentir faltar deles.

E os amores que nao vivi por ter tanto medo, e o medo maior des-

cobri neste instante ser de partir sem ter vivido com o coraçao.

O tratamento cruel me mutilava, me deixava ser apenas um pedaço

de carne, sem caracteristicas, sem minha feminidade.

Meus cabelos cuidado com tanto esmero se perdia nas mechas que

caiam e a cada mecha que minhas maos pegavam lagrimas brota-

vam do meu coraçao.

Ja nao me conhecia diante do espelho, os olhos tao expressivos, o

sorriso cativante parecia uma caricatura de um ser.

Eu sabia que o tempo me roubaria os pensamentos lucidos os dei-

xando sem nexo, sabia que a estrada seria sinuosa, mas eu nutria

esperança diante do desespero.

Junto com a molestia que se abatera em minha vida viera as seque

-las do tratamento invasivo.

Nada era como antes me fazendo dobrar se diante da solidariedade

dos amigos e agradecer lhes pelo o amor e paciencia a mim presta-

do.

Mais um coquetel, mais uma quimio, mais o malditos efeitos colate-

rais e mais um dia infinito diante da luta.

E a vida prosseguia com seus caprichos, e as pessoas seguiam seu

caminho enquanto eu bravamente lutava para estar viva.

Quando a dor parecia nao ser o carrasco dos meus dias e senhor

dos meus sonhos eu refletia sobre minha existencia.

Refletindo cheguei a conclusao que deveria ter perdoado mais ve-

zes, deveria ter amado intensamente e que nao deveria ter sido

tao dura comigo mesma.

Ja nao possuo mais a mesma habilidade para me expressar, a fala

e os pensamentos sao confusos.

Deitada neste leito de hospital aonde meu esforço sobre humano

em me manter viva se faz com sacrifico vejo o quanto eu poderia

ter sido feliz e nao o fui.

Vejo quanto tempo perdi perdida na vaidade e orgulho podendo ter

sido nos tempos de outrora mais humilde, mais tolerante.

Mas esta dor me ensinou a gratidao por Deus e sua generosidade

em manter ao meu lado amigos que movidos pelo o amor me auxi-

liam na travessia desta doença cruel.

Somente o amor e o balsamo que me impulsiona a lutar a cada dia

e agradecer a vida.

CAMOMILLA HASSAN

CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 24/07/2008
Código do texto: T1095380
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