AMOR ADENTRO

Decide então a chuva chamar-te.

Vou de carro, disseram que a chuva tem essa força. Decide chamar-te como quem visita a um velho amigo, e te sussurra ao ouvido palavras que não podes estimular e que nem sequer conseguirás esgotá-las dentro para teu beneficio.

Decide então a chuva permear-te.

O silencio que tu falas, e as respostas que nunca serão dadas, na tua boca dão segredos.

- Esqueci os velhos tempos. Sim, esqueci, por que às vezes é necessário um frescor ameno ao dia como suavemente dar por perdido um caminho que nunca regressa.

Decide ela, tu não reparas porque achas, insensato, tudo esta baixo teu cetro, e por cima sem acordar, conta vês dar do falsos que são os conceitos, do pobre que em realidade são todos nossos contidos, falsos e efêmeros.

- Acredita em mim! Nunca te disse, querida dizer, mas nunca disse. De este modo podia ao menos continuar ao vento chamando frialdade a teu nome. Na mesma apagada alma estaria de fora uma paixão que a razão aborrece, perdida como ainda estas em criar responsabilidades, baixo os pés de quem possui na ilusão um pequeno incendiário.

Decide a chuva, sim e o sol que a miúdo nos queima o bom cérebro, por que tem o poder de acordar cada processo: - na quentura do inverno aqueci sonhos contigo, fui malvado e agora me arrependo, mais bem pouco.

- Vem à beira mar, em inverno a beira mar fica para nos como costa de acesso. O si tu quiseres limite, por que a beira mar nunca hás de ir de mãos dadas comigo no pensamento. Nem poderemos através do cristal contemplar de novo a chuva nesse local que nunca alugamos por que tu, eu temos grande medo a descobrir espíritos unidos em corpos diferentes. E somos criaturas contra a magia em transmutação; de ai preferir o serio ao reflexo (falta de engenho).

Decide então também a nossa luxuria e neste casso o nosso apetite... reprimido.

Sabe como o mar atrair as mais tênues essências. Pois o mar deve a esse magnetismo o ritmo das horas que apanha dos astros celestes.

- Quando eu te miro sempre a distancia. Si me aproximo se evade uma calma, ate um segundo depois escapar todo instinto insinuado sobre ti, que a vez comigo foste tão impiedosa como uma rocha que aranha aquele que pretende chegar a ver no seu alvo a estrela norte que parte. Ira rumo a essas praias onde nunca nos banhamos, nem a luz da lua, nem na prospera madrugada.

Decide a chuva no relógio uma prenda, o mar define a paisagem, os cimos que seriam sagrados de nós haver-nos deixado levar ate o final mais místico do inverno. Ao invés ficamos gélidos, com a paralise nas teimas. E a pesar um suspiro se evapora, no entanto de ti quando eu me aproximo e te beijo, caricias abertas com a palma dos dedos.

-Nunca te vais encontrar. Eu penso que vou muito velho. Este circulo não há de fechar, e outras presencias em anos vendeiros chamaram outros rostos que de leve ao passar fiquem morrendo pelos nossos ocultos desejos.

Vou de carro, contigo nunca só, desde faz tantos meses, pareceram anos, contigo nunca só, tal que se a chuva decidir penetrar o entreaberto eu seguiria a pensar que tão só fossem lagrimas pretas deitadas em meu coração pelo teu apático desprezo. Pelo meu desespero..

Perdão... diz algo este amor?. Não te entendo, nunca te entendo... agora já nem pretendo.

A chuva decide, este verão foi-se para sempre. A pesar voltará no outono, chegar-há no inverno. E tu seguiras comigo a viajar, pois estamos condenados a não dar um passo a frente.