Divórcio pode fortificar a relação

Naquela manhã invernal de sábado, Mary e Diego convocaram as crianças para uma reunião de familia.. Tinham na época 17,13 e 10 anos. Com todo o cuidado deram a notícia que

elas jamais imaginaram receber. Iam se separar.

Bob e Suelen ficaram extáticos. "Não" protestaram

"NÃO". A reação de Cristiane, a mais novinha, foi correr, soluçando,

para a escada "Divórcio, é a palavra mais feia do mundo" gritou do

patamar.

Qualquer deles poderia dizer que jamais vivera momentos mais angustiantes. Os pais, haviam chegado a isso sem escândalo ou gritarias----apenas um processo de mútuo afastamento que se desenvolvera em surdina por muito tempo. Depois foram anos de conversas e tentativas de encontrar uma solução.

Tinham cuidado para mexer o mínimo possivel na vida deles. Combinaram de comum acordo que eles ficariam com o pai em casa, preservando o patrimonio e seu rendimento para o bem estar

deles. Ela sairia, e tentaria se manter financeiramente com o

rendimento que obtinha como advogada... Moraria por perto o que

permitiria que continuasse desempenhando seu papel de mãe.

Transpor isto para a realidade era outra história. Mari

desde criança tinha o coração e a cabeça permanentemente sintonizados nos temas do lar e família. Como se arranjaria para continuar sendo mãe?

Nos olhos dos filhos via a acusação deseperada:

"Mães não saem de casa"------'Mas eu nunca vou deixar de ser mãe

de vocês" "Vai dar certo...vão ver". Sentindo-se orfãos e traidos,

fulminaram-lhe com o olhar e deram as costas.

Nos dias subsequentes, Mari foi invadida por uma sensação peculiar. Há anos vinha amadurecendo essa imensa transição. Como ela, as crianças também precisavam de tempo para sofrer, revoltar-se, aceitar e prosseguir. Fez um voto de confiança

no amor e aguardou.

Tempos depois, ouviu-as subir as escadas. Vinham todas juntas de uma só vez, para criar coragem.. Entraram timidamente na

sua nova casa.

"É tranquilo, comentou Bob

"Parece com você" acrescentou Suelen

Bob levantou a mão e pegou o pote que mais Mari gostava e em seguida o repôs no mesmo lugar sorrindo para ela,

como se houvesse descoberto que ela não abandonava com facilidade as coisas que amava.

Na paz do amor e da expectativa, Mari passou os dias seguintes pensando neles e naquela visita docemente exploratória.

Agora entendia a surpreendente meiguice que cada um havia externado na ausência dela. Provavelmente descobriram afinal, que ela estivera bem presente na vida deles.

Depois disso muitas outras incursões faziam com frequência. Até a acompanhavam nas andanças pela cidade carregando as compras.

Mas continuava sob observação. Sentia seus olhos constantemente sobre ela cheios de indagação.

Que é que despertara nela tanta felicidade?. Eles faziam parte disso?

Se o divórcio era tão terrivel (e certamente o era), como lidar com os

destroços?

Um divórcio representa o fracasso de muitas esperanças.

Os mais tristes são aqueles que destroem toda a esperança, outros menos traumáticos, deixam margem suficiente para prosseguir.

O de Diego e Mari era assim. Tudo era resolvido de forma a satisfazer a conveniência de todos. Como pais decidiram dar todo apoio um ao outro. Embora fossem muito diferentes na maneira de se relacionar com os filhos havia um respeito mútuo pela posição de cada um.

Certo dia, os filhos chegaram animados pela luminosa descoberta:

"Você e papai são tão diferentes nas coisas que esperam da vida que nós não entendemos como conseguiram ficar casados tanto tempo".

Assim se passaram três anos de crescimento.

A antiga casa foi vendida. Diego casou-se de novo. Para

as crianças o conceito de familia foi ampliado, passando a incluir a

madrasta e suas duas filhinhas.

Mari está namorando um jovem senhor que conheceu num site de relacionamentos, e está feliz também.

As reuniões familiares continuam a existir, onde mergulham em conversas que até hoje os unem.

Bob o mais velho numa noite abriu os braços num largo ges-

to "Olhem para nós!" exclamou exultante:

"Que grande familia nós somos!"

Era um milagre pelo qual nos sentiamos justamente responsáveis.

Mas eles não foram os únicos. Muitas familias com os lares "desfeitos" conseguem recolher os cacos e reconstituir-se por inteiro. A forma poderá ser outra, ma uma família é sempre uma fa-

milia. Os laços podem até ficar mais fortes, por causa das emendas.

ysabella
Enviado por ysabella em 21/07/2008
Reeditado em 21/07/2008
Código do texto: T1091353
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