Um pedaço da historia

Nascia na cidade de Salvador no século XVII uma das maiores congregações religiosas do país os administradores dela eram pessoas influentes da época principalmente escravocratas que eram a favor da catequização dos escravos.Entre eles estavam João de Abreu que apesar de ser negro defendia a idéia de que negro tinha que sofrer.Ele ficou milionário após encontrar uma mina de diamantes em um pedaço de terra que seu patrão havia lhe dado como recompensa de seu trabalho ao vender os diamantes ele acumulou uma fortuna de mais de 30 milhões de contos com o dinheiro ele comprou uma fazenda e alguns escravos para trabalhar na plantação de cana.Ele afiliou-se a congregação com o objetivo de conseguir influencias com alguns lideres da corte que viam com maus olhos a riqueza de João principalmente o imperador.Abreu como era conhecido era um dos presidentes da bancada de julgamento da congregação ele era responsável pelos julgamentos dos negros que eram contra a igreja.Uma certa feita ele foi convocado para julgar um negro que havia xingado em praça publica um padre.Ele se chamava Serafim era escravo liberto de uma fazenda das redondezas mas não era catequizado cultuava o candomblé religião considerada pela igreja como um insulto ao catolicismo.

João mandou que trouxesse Serafim até o centro do tribunal para que ele pudesse se defender:

- O que tens a dizer em sua defesa

-Nada tenho a dizer apenas acho que vocês não tem o direito de ir contra a nossa religião.

-E porque alegas isso?

-O senhor deve saber

-Como ousas em falar isso?

-Com a mesma autoridade que o senhor teve em mandar me prender

-Cale-se!

Após deferir essas palavras João fez um sinal aos guardas para que prendessem Serafim,os guardas levaram o pobre para um porão que servia de sela e o trancaram lá.Neste pequeno intervalo formou-se um alvoroço na bancada o juiz responsável aproximou-se de João e perguntou de maneira discreta:

-Aquele pretinho parecia lhe conhecer bem não é?

-Foi impressão sua VSª nunca vi aquele tão.

Mas no seu inconciente João sabia que já havia visto Serafim em algum lugar até que passou por sua cabeça uma lembrança da época em que ele era criança via-se correndo por um lindo pasto junto a outro menino no qual ele não lembrava o nome, eles estavam brincando de pega-pega pareciam alegres ate que chegou um homem encapuzado e de ferio as seguintes palavras.

-Vamos Serafim!Está na hora

O menino estremeceu beijou o rosto de João e montou ao cavalo e partiu,Abreu foi acordado da lembrança pelo soar da sirene que anunciava o fim da seção.Ele arrumou suas coisas e dirigiu-se para casa ao chegar pediu para que um dos seus escravos fosse ate a casa do seu antigo patrão e pedisse a relação de escravos que trabalharão lá quando ele era pequeno.Apos duas horas o escravo volta com um livro preto e entrega na mão de Abreu que o abre rapidamente procura pela letra S e encontra, lá estava o nome “Serafim Da Costa Abreu batizado no dia 13/09 mesmo dia que seu irmão João da Costa Abreu” aquelas palavras foram impactantes para Abreu que não conseguia falar uma palavra ele lembrava se de um irmão que tinha mas esse em sua concepção já havia morrido mas ele estava errado Serafim estava bem vivo e com bastante saúde.Abreu chamou o escravo e mandou que sela se o seu cavalo ele iria ate a cidade o escravo selou o cavalo e o entregou a Abreu que montou rapidamente e saio as pressas em 20 minutos ele chegou a cidade entrou no tribunal e pediu para falar com o prisioneiro ninguém entendia o que estava acontecendo até que Eduardo que era o juiz suplente tomou coragem e perguntou:

-Porque esta pressa em falar com o prisioneiro?

-Preciso concertar um mau entendido

-E qual seria esse posso saber?

-infelizmente não VSª pelo menos não agora

-E posso saber porque?

-Porque é um assunto pessoal que só cabe a mim no momento

-É algo no qual posso ajudar

-Não se faz necessário VSª neste caso só eu posso me ajudar

-Vejo que nada vai me dizer não vou insistir.Edigar leve o senhor Abreu até a sela do prisioneiro.

-Sim senhor

Eduardo voltou-se para Abreu e disse:

-Não se demore logo fecharemos o tribunal

-Não se preocupe senhor não vou demorar

O soldado guiou Abreu ate o porão onde estava Serafim que neste momento ouviu passos e assustado se escondeu.ao chegar Abreu encostou-se perto da sela e pediu para que o soldado abrisse.Edigar abriu Abreu entro e sentou e percebendo o medo de Serafim disse-lhe:

-Não tenha medo meu irmão não vou lhe fazer mau

-Irmão?Eu não sou seu irmão não sou irmão de alguém que maltrata a própria raça.

-Não adianta negar Serafim sei que somos unidos por um laço de sangue muito forte somos irmãos.

-Como sabe disso?

-Pesquisei

-Onde?

-Isso não interessa o que interessa é que você é meu irmão e vai para casa comigo agora.

-E o que te leva a pensar que irei te obedecer?

-Ora qual é o escravo que não gosta de ter conforto?

-Então é assim que me ver como um escravo?Pois saiba que não sou.

-Calma não quis ofender é força do abeto.

-Pois saiba que não irei não preciso do seu conforto nem do seu dinheiro tenho tudo que quero.

-Ora mas que empáfia outro em seu lugar não negaria, seu ingrato.

-Não sou ingrato nunca pedi seu dinheiro.

-Porque não quis

-Porque não preciso .

-Ah é e onde esta todo este ouro.

-Posso não ter ouro mas sou tão rico quanto você.

-Em que em vento?Soltou Abreu uma risada.

-Não em amor e paz ao contrario de você que não tem nada disso.

-E o que lhe faz pensar que não tenho.

-Basta olhar pensas que pode comprar tudo com dinheiro mas esses tesouros que tenho não valem ouro.

-Não os preciso tenho bastante ouro de verdade só isso me basta.

-Pois então continue com seu ouro porque eu não vou voltar.

-A é então esta bem já que não quer vim comigo não insistirei vou mandar que te soltem tome algum dinheiro para suprir as suas necessidades não é muito mas acho que dá.

-Não quero seu dinheiro será que não escutas es surdo.falou Serafim jogando o dinheiro na cara de Abreu.

-O que preciso fazer para que confies em mim?

-Mude seu atos torne-se uma pessoa melhor.

-E como propõe que eu faça isso.

-Comece libertando seus escravos.

-Estas louco!Não posso fazer isso.

-E porque não?

-Porque se não fico sem trabalhadores para colher a cana.

-Pague-os

-Pagar em dinheiro?

-claro que sim pague pelo trabalho deles.

-Acha que meu dinheiro é capim?Falou Abreu saltando uma risada irônica.

-Acha que escravo é burro para trabalhar sem receber nada em troca?

-Esta bem vou ver o que posso fazer mas nada lhe prometo.

-Pois trate de prometer pois se não fizer o que mando nem precisa mais vim aqui.

-Esta bem!O que mais quer que eu faça

-Deixe que nos cutuemos nossa religião em paz

-Como(...)Isso é pedir demais não posso fazer isso

-Tudo bem então pode esquecer que é meu irmão.

-Não calma vou falar com os lideres e tentar entrar em um acordo.

-Ótimo!mas ainda não acabou.

-Como assim não acabou já não basta o que me pediu o que mais quer que eu faça?

-Dê casa para todos os escravos eles precisam de moradia digna.

-Mas desse jeito vou ficar pobre.

-Pobre em dinheiro mas rico em amor paz e alegria consigo mesmo o que vale mais do que ouro.

-Esta tentando me ludibriar?

-Não só quero que torne-se novamente aquele menino doce que adorava e se honrava em ser negro.

-Pois não sou mas um menino sou um homem.

-mas ainda continua negra e isso nem a natureza pode mudar.

-tudo bem e se eu fizer tudo isso ira para casa comigo?

-Não sei vou pensar.

-Pensar?

-Sim pensar depois de tudo o que fez não sei se merece compaixão.

-Mas e tudo isso que me obrigou a fazer e que farei não me redime dos meu erros.

-Não!

-Como não?

-Porque esqueceu de fazer a coisa mais importante.

-E o quê seria?

-Pedir desculpa a todos os negros que você maltratou todos estes anos sem piedade.

-Queres que eu peça desculpa isso é demais.

-ou pedes ou esqueça que você esteve aqui.

-Ta bom como propõe que eu faça.

-Reúna todos na praça e peça desculpa publicamente e deixe o resto comigo.

-esta bem espere alguns minutos.

Abreu deu ordens ao soldado que mandasse reunir na praça todos negros e brancos ele tinha um comunicado a fazer,o soldado comunicou ao povo que em menus de 5 minutos estava em peso na praça.Abreu abraçou o irmão e se dirigiu a praça eles foram escoltados por um soldado afinal Serafim ainda era um prisioneiro.ao chegar os dois subiram em um palanque improvisado e Abreu começou a falar:

-bom meu povo vim dizer-lhes que apos muita insistência de meu irmão Serafim.

-Irmão?Mas ele não é um prisioneiro.Perguntou um curioso.

-Era acabo de libertá-lo e ele é meu irmão sim descobri a pouco tempo mas depois falo disso agora quero dizer a todos principalmente aos negros aqui presentes que estou arrependido de todas as coisas horríveis que fiz contra eles.E peço desculpas sei que não mereço compaixão por parte de vocês mas seu perdão já me basta,mas não só isso considero neste mesmo estante todos os negros que trabalham na minha fazenda libertos aparte de hoje serão recompensados pelo seu trabalho e tem mais todos ganharão casa e um pedaço de terra para que posam plantar e garantir sua subsistência isso não é promessa cumprirei tudo que estou aqui dizendo.

Soaram aplausos de todos os lados negros e brancos aplaudiram incansavelmente mas nem todos estavam felizes com isso os lideres da congregação ficaram revoltados com a atitude de Abreu que não estava nem um pouco preocupado com o que eles pensavam porem ele sabia que eles podiam fazer algo contra ele mas nem por isso removeu a idéia de ser contra os princípios do catolicismo ele percebeu que aquele não era seu lugar tanto que se converteu para o candomblé e cumpriu todas as promessas feitas só uma não pode cumprir a de que para sem de perseguir aqueles que cultuavam o candomblé.Mas isso não duraria muito tempo o importante é que Abreu depois daquele dia se tornou uma pessoa melhor alguém mas tolerante com as diferenças uma pessoa mas consciente e com isso conquistou a confiança do irmão que passou a lutar junto com ele pelo o fim da escravidão que só aconteceu em 13 de maio de 1888 após a assinatura da lei Áurea pala Princesa Isabel dando fim a luta onde muitos morreram e poucos ficaram,Serafim e João já não estavam mas vivos para prestigiar esse dia em que sua luta finalmente teve fundamento mas seus netos ou descendentes agradeceram a ele pois se não fosse sua luta e sua coragem nada disso teria acontecido e esta historia teria um fim diferente talvez nem tivesse fim.

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 21/07/2008
Reeditado em 14/03/2016
Código do texto: T1090351
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