(Tela de Claude Monet)
A dúvida de Olga...
Olga preocupava-se com a casa, os filhos, o marido e o trabalho. Mulher falante, sorridente e de certa forma vaidosa. 'De certa forma', pois nem todos os dias ela sentia-se estimulada a sair ‘produzida’. Elogios eram bem vindos, sim, mas a vaidade consumia tempo e esforço que nem sempre ela queria dispor. Preferia gastar as energias em outras coisas... Aparentemente sua vida corria bem. Sempre tinha uma explicação para qualquer acontecimento. Suas idéias eram bastante rígidas, do tipo com conceitos pré-constituídos sobre quase tudo. Ela considerava-se feliz, uma mulher de sorte!
Os anos se passaram e as certezas já não eram tão contundentes para Olga. O amadurecimento trouxe-lhe questionamentos sobre a visão das coisas e do mundo. A percepção ficou mais acentuada. Ela passou a enxergar além dos fatos; seu olhar não se limitava ao presente, simplesmente... Transformou-se num olhar mais aguçado, ampliado! Esta forma de observação, com mais atenção e sensibilidade, trouxe indagações até então escondidas. Medos até então guardados. Que amadurecimento é este! Envelhecer e amadurecer não estão, necessariamente, abraçados - refletia.
Olga passou a sentir mudanças em sua maneira de conceituar as atitudes humanas. Encarava tudo naturalmente, com relação as atitudes alheias. Repetia que a palavra 'nunca' não existia, pois todo ser humano é mutante e, portanto, nada deve ser definitivo. Estava formado um paradigma. Descobrí-lo significava mais do que uma simples observação. Era o início de questionamentos e incertezas internas; ao mesmo tempo, externamente seus atos e palavras eram seguros, demonstrando saber em que pisar e o que desejar. Esta imagem externa a envaidecia e a confundia.
A quem recorrer – pensava ela – para dissipar tantas dúvidas! Concretamente não compreendia tantos medos surgidos, tantos sentimentos aflorados. Nos últimos anos sentia-se sem rumo, embora indicasse caminhos aos que a procuravam. Tudo parecia às avessas...
Olga até hoje não sabe responder se é melhor amadurecer ou, apenas, envelhecer.
A dúvida de Olga...
Olga preocupava-se com a casa, os filhos, o marido e o trabalho. Mulher falante, sorridente e de certa forma vaidosa. 'De certa forma', pois nem todos os dias ela sentia-se estimulada a sair ‘produzida’. Elogios eram bem vindos, sim, mas a vaidade consumia tempo e esforço que nem sempre ela queria dispor. Preferia gastar as energias em outras coisas... Aparentemente sua vida corria bem. Sempre tinha uma explicação para qualquer acontecimento. Suas idéias eram bastante rígidas, do tipo com conceitos pré-constituídos sobre quase tudo. Ela considerava-se feliz, uma mulher de sorte!
Os anos se passaram e as certezas já não eram tão contundentes para Olga. O amadurecimento trouxe-lhe questionamentos sobre a visão das coisas e do mundo. A percepção ficou mais acentuada. Ela passou a enxergar além dos fatos; seu olhar não se limitava ao presente, simplesmente... Transformou-se num olhar mais aguçado, ampliado! Esta forma de observação, com mais atenção e sensibilidade, trouxe indagações até então escondidas. Medos até então guardados. Que amadurecimento é este! Envelhecer e amadurecer não estão, necessariamente, abraçados - refletia.
Olga passou a sentir mudanças em sua maneira de conceituar as atitudes humanas. Encarava tudo naturalmente, com relação as atitudes alheias. Repetia que a palavra 'nunca' não existia, pois todo ser humano é mutante e, portanto, nada deve ser definitivo. Estava formado um paradigma. Descobrí-lo significava mais do que uma simples observação. Era o início de questionamentos e incertezas internas; ao mesmo tempo, externamente seus atos e palavras eram seguros, demonstrando saber em que pisar e o que desejar. Esta imagem externa a envaidecia e a confundia.
A quem recorrer – pensava ela – para dissipar tantas dúvidas! Concretamente não compreendia tantos medos surgidos, tantos sentimentos aflorados. Nos últimos anos sentia-se sem rumo, embora indicasse caminhos aos que a procuravam. Tudo parecia às avessas...
Olga até hoje não sabe responder se é melhor amadurecer ou, apenas, envelhecer.