Trocando os pés pelas mãos de Isaurinha
Após mais um banho novamente Ignácio colocou a se enxugar.
Como sempre tomando o cuidado especial de secar o vão dos dedos de seus pés.
Tinha verdadeiro pavor de colocar as meias com o vão dos dedos úmidos.
Cabelos, axilas, braços, pouco a pouco e lentamente, cada parte do corpo era impecavelmente seco até chegar aos pés.
Esta última tarefa era cuidada de uma maneira a tomar-lhe uma grande gama de energia e tempo.
Seus sapatos e meias ficavam previamente preparados durante a noite para receber todas as manhãs seus imaculados, secos e bem tratados pés.
Os sapatos recebiam duas pelotas de papel higiênico.
As meias eram colocadas no interior de uma seca toalha.
Hoje seus pés deveriam estar mais lavados e secos do que nunca estiveram.
Ignácio irá se casar com Isaurinha às dezoito horas e quinze minutos, conforme o padre mandou correr o proclama.
Estão namorando desde os quinze anos e mais quinze já se passaram desde então.
Casamento, festa e lua de mel.
Já exaustos finalmente Ignácio e Isaurinha vão dormir.
No chão: sapatos, meias, e mais um rol de outras vestimentas jogadas.
Na cama: um casal recém casado, embrenhados, deliciosamente apaixonados.
O tempo passou, mais uma manhã se deu.
Ignácio acorda, toma seu banho, seu café e volta para o quarto.
Sua fixação e gasto de energia felizmente deixaram-lhe os pés.
Agora, pé ante pé para não acordar Isaurinha, abre a porta e fica por alguns minutos parado ao lado de sua amada.
Ela sempre teve o costume de dormir nua, nua em pelo.
Aprecia sua bela Isaurinha e lhe dá um beijo singelo.
Um beijo de “um dia bem gostoso meu amor”, àquela que dorme satisfeita de mais uma noite perfeita.
Esta deitada, ainda perfumada das essências alucinadas do amor, acorda deslumbrada ao ver Ignácio ao seu lado.
Sonolenta, sussurrando já lhe dá mais uma cantada: não demora hein!
Ignácio sai pro trabalho, cantando apaixonado: Isaurinha é a minha mulher!