Dançando na chuva
A chuva gasosa caía intensa quando a moça surgiu na esquina. Em passos encharcados ela se movia ligeira. Na mão esquerda um livro que usava para proteger os cabelos pretos em coque no alto da cabeça.
Num balé divertido ia driblando as poças que se formavam pela calçada até conseguir abrigar-se sob o toldo da loja fechada.
De súbito ela ergueu os olhos e encontrou os meus vincados nela. Desconcertei-me. Mas ela me sorriu um riso vibrante e quase infantil enquanto apontava para a beleza das gotículas que se espalhavam pelo ar. Num aceno me convidou para me juntar a ela. Ri e balancei a cabeça em reprovação. Ela então se despediu e seguiu devagar, com o livro sob o braço, saltitando à lá Gene Kelly no meio fio.