A FEIRA DO APARTAMENTO 502
O grupo formado por Djahy Ferreira lima, Antonio Luiz de Zé Dobico, Janeide Cruz de Macedo, Eridan França, Antonio Luís de Zé Pinto e Celito Lopes morava no apartamento 502, da rua Benjamim Constant, 104, no bairro da Glória, Rio de Janeiro.
O endereço, bem localizado, era um pedaço de Santa Cruz (RN) na cidade maravilhosa, uma espécie de embaixada. Na rua vizinha, a Santo Amaro, seguindo pela rua do Fialho, morava Milton Fernandes Pereira, atual presidente do Trairi Club.
Recém chegado ao Rio de Janeiro e menor de idade, Celito Lopes ficava em casa enquanto os outros iam para o trabalho. E como não tínhamos empregada doméstica, a necessidade obrigou-o a iniciar-se nas artes culinárias, ficando o “feijão do Celito” famoso entre os comensais. No AP, todos eram especialistas em alguma coisa.
Fazíamos a feira no supermercado “DISCO”, na rua do Catete, para onde nos dirigíamos todos, guiados por um rol de necessidades de víveres, tal qual uma dona de casa ciosa dos seus deveres e criteriosa quanto a economicidade doméstica.
No carrinho, os produtos eram colocados criteriosamente na ordem, conforme elencados. Por último, depois de adquiridos todos os alimentos, seguíamos para o setor de bebidas.
3 litros de Montilla, 5 Cocas, 1 Wiskhy, 5 cachaças Praianinhas “One Way”. Logo alguém fazia previsões: “Acho que o Montilla não vai dar, é melhor pegar mais um litro”. Outro, precavido, aconselhava: “É melhor pegar mais um Wishky, pois pode aparecer uma visita e...”. Um terceiro fazia uma observação econômica: “É melhor levar mais quatro cachaças, porque é mais barato”. E assim sendo, cada um de nós, com motivos perfeitamente justificáveis, acrescentávamos mais e mais produtos (bebidas).
Quando as mercadorias já estavam passando no caixa, alguém chegava com um litro de Campari e ia logo justificando: “Só um pancaro, é bom ter, pode aparecer alguma visita que goste de Campari”.
E na hora do Caixa encerrar a conta lá vem um outro com duas garrafas de aguardente “Coroa”, de Campina Grande: “Olha só! Encontrei essa caninha de Campina Grande”.
Quando o valor do produto excedia às disponibilidades financeiras, começava o processo de subtração: “Tira esse pacote de açúcar. Acho que colocamos açúcar demais” – dizia um. “Não precisa dessas latas de leite em pó. Se faltar, compramos leite na padaria” – dizia outro.
No final, tínhamos três carrinhos: um, com alimentos para o corpo; e dois, com alimentos para a alma.