Sábado e a literatura
Sábado e a literatura
Era uma manhã de sábado frio e chuvoso. O vento batia levemente nas janelas e um chuvisco molhava os transeuntes, caminhantes e passeantes. Os alunos foram entrando em aula, cabisbaixos ensismesmado, sonolentos encaixotados em seus bonés e capuzes. Sentaram-se nas carteiras das duas extremidades da sala ficando um espaço vazio entre as duas pontas como se precisassem de um elo entre elas. Cansaço e o desgosto transpareciam em rostos foscos de estar naquela aula de literatura. Que importava se o gênero era narrativo ou dramático, interessava mesmo é que era sábado frio e eles foram arrancados de suas camas quentes para a literatura.
A professora... Pobre professora de literatura atormentada, atordoada e a aturdida pelos livros, leituras e literatura, era metade bruxa, metade fada, pensou: - Que faço? – Que faço com esses seres inaptos? Conto uma história e tenho uma vitória? A sua cabeça fervilhava de palavras justapostas e ás vezes impostas pelo oficio da literatura. Ela resolve contar uma história para mostrar os narradores na primeira e terceira pessoa. Cria um fio imaginário para ligar as extremidades solitárias, conta uma historieta alternando os tons da voz olhando os desavisados e desanimados alunos, esperando algo se movimentar naqueles olhos e corpos estáticos...
O que será preciso para uma luz de animação surgir naqueles ocos? A professora ia caminhando pela sala ouvindo o próprio som rouco da voz quando.... De repente, uma menina sorri estrelas... Oba... Estou no caminho... Começa vir uma tênue luz... Ainda faço surgir estrelas e brilhos. Ela caminha pela aula brincando com as palavras e a voz sussurrando sons diferentes na sua contação imaginária... Luzes vão brilhando ainda fracas... A menina com seus olhos de estrelas e encantamento na voz lhe diz: - ainda somos crianças e gostamos de ouvir histórias...E a aula continua, mas, agora mais risonha, alguma coisa conectou a professora aos alunos. Talvez com as narrativas e narrações que podemos ver com os olhos da alma e outras somente podemos ouvir com o coração. Entretanto, era sábado frio e chuvoso... E a aula era de literatura....
Isa Piedras
28/06/08