MEDO DA CHUVA!
Era um dia daqueles... Digo daqueles pra mim, que revivi aquele dia escuro, a chuva, um dia inconformado. As árvores aborrecidas, os sons acuados, meu coração que latejava... Era um dia negro. Fiquei com medo de que as nervuras desse negrume corressem repentinamente pelas minhas veias e assustassem de vez minha paz ou até mesmo, escorressem pelos meus olhos: lágrimas negras. Tudo isso porque me veio o revivido, as cenas de outro dia, já esquecido, absorvido, até doído... Naquele dia era muita chuva, trovões, sussurros de ventos gritantes... E gritos são insistentes...
Assim foi e estavam lá: meu pai, eu menina e meu irmão menino. Mas, o pai chegou depois, antes foi o medo! Sombras de chuva que nos atacavam, a mim e ao meu irmãozinho, pequeno. E, ele, o pequenino, chorava e me deixava perdida, absorta, pedindo aos Anjos, as Esfinges e as Falanges para que a chuva parasse logo e meu irmão não sofresse mais naquela tormenta. Então, um sol entrou pela casa, quase correndo, nos abraçou e nos escondeu...
Um homem, um sobretudo negro, como aquela chuva insistente de gritos! Ficamos ali quietos, rezando: "Creio em Deus Pai..., Ave Maria Cheia de Graça..." Foi quando o céu se abriu porque tínhamos um pai rezante...
E Zeus, que estava envolto em seu tédio divinal sucumbiu ao nosso pranto inocente e tudo, de repente, ficou claro: não era mais aquele dia avesso, era um pai, um pedido, duas crianças e a luz! Era o perfume de nossas vozes que agradou ao Divino, nos Céus...