Pela ótica da menininha: bate bola desmascarado ou medo é fantasia

Numa linda e ensolarada manhã de carnaval carioca, na década de 60, uma menininha de aproximadamente 2 anos passeava com seu padrinho. Vários meninos maiores estavam na rua, com suas fantasias de Clóvis, carrasco e fantasma, fazendo a maior algazarra, batendo com força as bexigas no chão.

A menininha fica apavorada. Que monstros serão aqueles que ganham maior dimensão quando situados no imaginário do desconhecido? Corre, então, pedindo colo, desesperada.

Seu padrinho não lhe nega o carinho, mas vai além.Chama um dos meninos vestido de Clóvis e lhe pede que retire a máscara. Inicialmente ele reluta, mas vendo o estado em que se encontrava tão encantadora criança, acaba cedendo.Ao retirar seu capuz sua fisionomia resplandece sob os raios solares enquanto exclama: - Sou eu, menininha!

A menininha abre um enorme sorriso,acaricia seu rosto, coloca seu dedo no orifício da boca da máscara, brinca com a bexiga. Compreende que por trás da fantasia havia um amigo, alguém que lhe transmitia muito afeto. Então, felizes, os três caminham de mãos dadas, naquela manhã ensolarada, que agora parecia mais iluminada, pois a fantasia foi colocada no seu devido lugar... A máscara jazia inerte em uma das mãos do menino e na outra a frágil mãozinha da criança que estava apendendo a lidar com suas fantasias aterrorizadoras...