MENINO-HOMEM
Seu Antônio fazia longas e demoradas viagens ao Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Goiás... Ficava trinta, sessenta ou mais dias tocando tropa com algum carregamento para vender, na maioria das vezes, tecidos ferramentas agrícolas e condimentos. José Lima era o braço-direito da casa, tratava do gado e cuidava dos serviços mais urgentes. A mamãe se valia dos préstimos do filho e com muita freqüência mandando-o à casa de Aristeu - um vizinho que tinha atentada criação de bodes. As cabras de seu Aristeu, comiam até papel, e, se facilitássemos, comiam roupa também.
- Corre, José, vá dizer a Aristeu que as cabras estão acabando com nossa lavoura!
Isso se repetia tanto, que bastava José Lima apontar no terreiro, o velho perguntava:
- Já veio se queixar de minhas cabrinhas!
Logo que papai chegava de viagem e abraçava a filharada, uma das primeiras coisas que perguntava era pela lavoura, que chamava de mantimento:
- Como está os mantimentos, Antônia?
- O feijão tá bom, mas as cabras de Aristeu estragaram muito o milho, se não fosse José pra espantar, num tinha sobrado nada!
- Esse é um menino-homem, dizia o velho.
José Lima viveu a infância e parte da adolescência no campo cuidando das propriedades ribeirinhas da família. Mudou-se para Picos em 28 de abril de 1963 trabalhando como comerciário e depois com seu próprio negócio. Em fevereiro de 1967, quando o restante da família mudou-se para o casarão, ele passou a morar com os pais e irmãos, contribuindo com boa parcela de ajuda nas despesas da casa.
LIMA,Adalberto,SOUSA,Neomísia.Saga dos Marianos