Olhar fatal
Era um sábado à tardinha quando no bar a família Lima reuniu-se em torno de uma mesa para comemorar o aniversário do menor. À porta surgiu Miro Silva com panca de galã e engolindo a mãe com olhos de vaqueiro. Ela desandou a ajeitar o cabelo da mais velha e fez o que pode para desatinar de pensamento ruim.
Miro caminhou atrevido em direção à mesa da família e pediu emprestado o fósforo. A mãe enfiou a mão na bolsa magra e de lá saiu com olhos culpados em direção ao rapaz.
O chefe da família percebeu a ousadia do moço e levantou-se devagar.
Miro ali permaneceu mais alguns segundos e ainda ensaiou perguntar quem fazia aniversário. O pai puxou o rapaz pelo colarinho encarando o moço com ódio. Miro riu abusado da ameaça do homem e não se moveu. A ofensa cresceu para o rei daquela família que assustada a tudo assistia. O pai puxou a peixeira da cinta e num golpe rápido e forte golpeou o rapaz na barriga. Miro arqueou derrubando a mesa do bolo, mas ainda mantinha o riso sarcástico nos lábios. O chefe da família suava frio tremendo até os ossos. Miro então sacou a garrucha e disparou dois tiros certeiros na cabeça do rei Lima.
Um grito de mulher tomou conta do ambiente, e depois o silêncio.