Final infeliz

Uma história de amor, que o destino depois de 5 anos resolve

de novo aproximar. O mesmo telefone tocando, a mesma perplexidade

ao ouvir a mesma voz chamando-a pelo mesmo apelido carinhoso de

outrora. Como uma miragem viu passar à sua frente sua história de

amor. Lembrou-se dos tempos que entre adúltera e feliz vivia aquele

sonho de amor. Por momentos desejou reviver a felicidade que o desti-

no havia lhe dado e tomado.

Ao ouvir a voz do outro lado da linha, reviveu por instantes as /

tardes inteiras passadas nos moteis que a transfigurava da pudica mu-

lher, esposa e mãe em uma mereriz muito apaixonada, que intercalava dentro de si o medo de ser descoberta a imensa reserva de carinho /

que tinha para oferecer para o seu homem.

Ah! os angustiosos finais de semana, as dúvidas que lhe passavam pe-

la cabeça "será que ele vai sair com alguém?". Com certeza, pensava

que o amado também se torturava ao pensar no beijo que o marido com di-

reito podia estar dando na boca que ele beijara pouco antes, nas

mãos passadas e deslizadas naquele corpo que ele tanto adorava, a-

final era o marido.

Lembrou-se da emoção das saídas para o supermercado, que na

verdade eram meros pretextos para os amores urgentes. Dos toques /

do telefone que só eram retirados do gancho, mas não respondidos.

O silêncio, e o sorriso entre encabulado e cúmplice,e pronto o recado

estava dado. Sofria, mas era imensamente feliz.

O tempo passava e a vida dela se modificava. Já não era a mesma.

Vivia entre a paixão e a culpa. Precisava contar ao marido e pedir-lhe perdão.. Viu-o arrazado, triste e traido, Disse que a perdoa-

va, mas foi-se embora levando os filhos. Mal sabia que ali começava

seu lento suicídio. Mas de certa forma sentiu-se aliviada. Já não pre-

cisaria das tardes furtivas dos moteis. Que vissem todos.

Pobrezinha, aos poucos lentamente percebia que o amor que ele de -

clarava ia se enfraquecendo, Percebeu que ela mesma havia criado u-

ma ilusão para si própria. Aos poucos a ficha ia caindo.

Eram viagens repentinas, nas quais nunca estava incluida. Qua_

do dizia "vamos casar, morar juntos?" a conversa era desviada.

Para sua surpresa, um dia ele disse, "vamos viajar e na volta, casare-

mos". Sentiu-se feliz, arrumou tudo, comprou tudo novo, afinal tudo

teria que ser novo. Pensou....tudo voltará a ser como antes. Voltaram

os convites para saidas à noite, jantares, e, num desses jantares na

sobremesa, ele lhe diz: "vou sózinho".

Foi, voltou 6 meses depois....casado

Agora 5 anos depois, o mesmo telefone tocando, quando ela ainda ´

juntava pedaços do coração partido. Afinal nunca havia sido mais que

uma aventura. Pensou, pensou e disse pra si mesma. Não, não vale a

pena. E desligou delicadamente o telefone.

ysabella
Enviado por ysabella em 13/06/2008
Reeditado em 13/06/2008
Código do texto: T1032525
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