O menino que não cabia na casa

Era um menininho esperto! Desde muito cedo crivava sua mãe de perguntas. Por que isso? por que aquilo?

4 anos de idade. Chegou a hora de entrar para a escola. Quantas descobertas! Viu que chamamos as pessoas de “pessoas”. Então começou a chamar todo mundo assim: “ô pessoa” “Mãe, a pessoa chegou!”

Descobriu as formas geométricas e foi uma festa. Via círculo em todos os lados! O mundo era um círculo! Depois, viu que também tinha os quadrados. O mundo ia ganhando formas.

Mais extraordinário foi descobrir as letras. Mas ainda eram confusas. Menos, é claro, aquelas que formavam seu nome. Conheceu o “A”. Sabia que o “A” era da Abelha. E também do seu nome. “Como começa seu nome, menino”? “Com Abelha, professora!” Você se chama Abelha??? E era uma gargalhada geral!

Lia o “A” em tudo. Aos poucos, aqueles símbolos que via por toda parte iam ganhando sentido. Em placas, faixas, anúncios, jornais, revistas, em tudo via o “A”. A de Abelha. Mas seu nome tinha outras letras. E aprendeu. 7 letras no total. E ainda tinha as letras dos nomes dos colegas! Então, seus exercícios vinham com todos os nomes. De quem são esses nomes, menino? Das minhas amigos! (sic), respondia orgulhoso.

E nesse emaranhado de letrinhas vieram as primeiras palavras. Gato, rato, sapato...quanta coisa podia escrever! E um dia escreveu CASA. E desenhou a casa. Depois olhou, olhou. Pensou. Não podia estar certo! Chamou a professora e disse indignado: Professora, como eu vou caber na casa? Meu nome tem 7 letras, e casa só tem 4?!

É... Esse menino não cabia na casa! Sua imaginação tinha o tamanho do mundo!