O CAMELÔ
Fui camelô,
não
tenho
vergonha,
não !
Acho
até
que
contando
minha história
posso ajudar alguém !
Afinal,
desde menino
sempre
acreditei
que
podemos
ajudar
o nosso destino !
Vim
de familia pobre,
humilde,
de Santo Antonio de Antão !
Fui
mais
um
emigrante
nordestino
a
tentar
a sorte
nesse Rio de Janeiro !
Sempre
fui
um cabra
direito !
Nesse sentido
estufo
o
peito
e
digo
sem
qualquer
soberba:
¨sou um vencedor ¨
Senti
o
suor
escorrer
pelo meu rosto,
trabalhei
com ardor !
Conheço essa cidade como a palma da minha mão !
Acredito
que a conheça
mais que
vocês,
cariocas da gema !
Ressalto
que fome não passei,
não !
Mas
dormi
ao relento,
senti
frio,
solidão,
vento !
Prá
usar
o linguajar
popular
¨ comi o pão que o diabo amassou ¨
Mas
sempre
tive
Deus
no
coração !
Acreditei
em mim,
na minha criatividade,
no meu humor !
Sou
um
negociante
nato !
Já
vendi
de tudo
nessa vida !
Gillete, vassoura, fechadura,
cola, panela,
rapadura !
Já
vendi até sorvete para esquimó !
Por fim
especializei-me em tecidos !
Depois
descobri
que poderia
ser mais que um simples camelô !
As pessoas
me achavam
engraçado !
Faziam rodinhas
para
ouvirem
os
meus recados !
Gostavam
daquele
jeito
matuto
assanhado !
E
acabavam
comprando
meus produtos
com agrado !
O
negócio
foi dando certo
até
que
tive
uma idéia
brilhante !
Botei
um
outro
para vender para mim !
Depois outro,
mais outro,
e um montão !
Coloquei
uma Elza
para administrar
tudo !
E
hoje
fico
só
poetando
e contando
minhas mentiras
por
aí !
Não
tive
a oportunidade
de estudar !
Aprendi
tudo
na escola da vida !
Mas
atualmente
só ando no meio de gente formada !
Engenheiro, medico, professor ...
Tem
até uma cantora lirica de Icaraí
que vem
me ver
aqui !
Tenho
um
amigo compositor,
João João,
que
escrevreu um conto para mim !
E
me colocou no seu CD,
redondinho,
e
com
um
furinho
no
meio.
Acho
que
prá quem saiu
de Santo Antonio de Antão
com
uma mão na frente
e
outra atraz
vou
acabar
na televisão.
Meu nome é Ovidio !
Eu não sou engraçado !