PERNAS PRÁ QUE TE QUERO

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1 - PERNAS PRÁ QUE TE QUERO...

Naquele fim de tarde, após dançar com uma garota, resolvi levá-la para casa. O local era ermo, mal iluminado. Caminhávamos tranqüilos quando avistamos um vulto, vindo em nossa direção. Ela me disse que talvez fosse seu irmão e, advertiu-me, que o mesmo era perigoso e estava em liberdade condicional. De repente estávamos ali, frente a frente. Ele a puxou pelo braço violentamente. Percebi que era careca e que uma cicatriz descia-lhe da fronte ao nariz. Era muito mal encarado. Imediatamente se virou em minha direção e disse-me: - agora o assunto é contigo! Apavorado, vi que tirava um punhal da cintura e pus-me a correr. Às vezes, olhava para trás e pensava como seria triste morrer assim tão jovem. Podia ver refletida naquela lâmina, não só as poucas luzes do local, mas o meu triste destino se ele me alcançasse. Corri mais do que nunca. Pulei cercados baixos de arame dentro dos pátios; voltei à rua e, então, bati numa porta, que se abriu. Invadi a casa. Ofegante esperei alguns minutos. Estranhamente ele sumiu, assim como sua irmã, lá atrás. Voltei para casa e nunca mais passei lá. Até hoje fico imaginando: será que um dia eles existiram? Será que tudo aquilo aconteceu, ou foi apenas fruto da minha imaginação adolescente?

Rodrigo Di Freitas
Enviado por Rodrigo Di Freitas em 15/05/2008
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