Loteando o Éden

Fazia questão de participar! Queria estar por dentro de todos os lucros. Vez ou outra, aparecia. Jamais nas reuniões, pois temia, apesar de ter contato com todos. Participava de tudo, mesmo que somente por algo que eu aqui vou chamar de 'telepatia' já me desculpando pela falta de uma melhor e mais cética descrição. Inexplicável, mas sempre estava por lá, mesmo que não se podia ver. Por um tempo, se afastou mais severamente. Fisicamente. Pois se mantinha lá, assídua, como se fosse exemplar (mas nesse caso, longe disso!). Me parece que já não aguentava mais. Tirou suas conclusões errôneamente, ao meu ver, uma vez que o primeiro quesito a ser analisado fora a expontanedade em tirar conclusões que ultrapassavam as barreiras da falácia e, segundo, por respostas de terceiros arrancadas como se faz na psicologia. Aliás, psicologia estava longe, muito longe, de ser seu forte! Mesmo assim insistia. Esteve por um tempo mais ausente do que o necessário e o de costume. Tempo suficiente para armar seu plano. Um poder de persuasão de dar dó! Errou feio: não se reuniu. Preferiu marcar 'por fora', mesmo sabendo que todos estavam atentos, mas, sinceramente, esperando outro tipo de reunião. Usou seus relatórios, suas falácias e ainda o que, por ingenuidade, eu diria, achava de sentimento. Era do tipo que 'os fins justificam os meios'. A princípio, tivera sucesso. Não era tão boba de esperar que a tal 'reunião' não virasse o assunto do próximo dia. O sucesso se deu sabe-se lá porque (não pude estar na 'reunião', mas sabíamos - ou pensávamos - já estarmos vacinados!). Usou de má fé! Queria seu cargo que um dia tivera mas (porque não me espanto com isso?) vacilou! Não esperava a presença de alguém que seria ao mesmo tempo o anjo e o demônio. O salvador e o aniquilador. Não esperava alguém que fosse o real mau necessário. A questão de segunda chance sempre depende de outrem, da mesma forma que em relação a corresponder a essa segunda chance, nunca depende de si só como parece ser. Por fim, houve um turbulão de idéias. Haveria de ter tido uma reunião para análise concreta dos dados, mas não. Feito às escuras, já não se sabia quem era quem, qual cargo era de quem e onde estaria ali o limite niilista do respeito (uma vez que me dou aqui o direito de dizer que cada um teve uma definição adversa para tal). Pode uma estagiária ter acesso ao gabinete, furtar relatórios, documentos que não dizem respeito a outros setores, agir de ma fé ao fazer conclusões com apenas uma parte de descrições, ignorando a parte mais importante que se encontravam n'um cofre onde apenas duas pessoas tinham a chave - e essa chave, quero acreditar, não estaria disponível tão facilmente -, se dar o direito de concluir a uma parte envolvida o que julgava (neste caso, acredito, a ingenuidade pode ter sobreposto a má fé) e furtar o que (me desculpem pela insegurança) vou chamar de 'um novo laço bonito de se ver' (pois sei que mais pessoas envolvidas concordariam com tal descrição)? Pois bem. Esse laço, ainda fraco (por mais que se fortalecendo a cada dia) fora cortado como se com uma tesoura e as partes envolvidas já não se sentem seguras nem mesmo de suas lágrimas. Não há clima bom. Em uma empresa, uma repartição pública ou em outro grupo qualquer, poderemos ter histórias parecidas, mas essa é a história de um 'quase' triângulo amoroso. Vizinhos num espaço perpendicular onde, é uma pena, quem mora no meio pode não suportar os tiros que vêm do alto e erram, então, o alvo. E é cada vez mais difícil acreditar que tudo acaba bem! Os ideais não se batem.

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"É necessário ter o caos aqui dentro para gerar uma estrela."

(Friedrich Nietzsche)