Sem Clemência!

Eles são capazes de tudo na guerra.

Sobrevivência não é a palavra correta à ser usada, e sim Vitória.

Espadas dilaceram corpos com uma facilidade inacreditável que se tornam assombradoras cenas a serem contempladas. Deus realmente deu-os o dom de matar, e eles humildemente utilizam tais poderes que lhes foram concebidos.

As faíscas produzidas por suas espadas ascendem as chamas em seus corações para queimar sentimentos como o amor, a compaixão, a clemência, existente em suas almas que em certos momentos, e em exato momento, podem tirar-lhes a vida.

O descanso é momentâneo, questão de segundos a espera do inimigo, momento em que fixa os olhos congelados no céu, pedindo ao Senhor dos Exércitos força para que seu próximo ataque seja mortal para aqueles que se põe frente a sua espada.

A cada golpe uma vida perdida em nome de seus desejos, e mais uma vez uma coroa suja de sangue cai diante de seus pés. “Sem Clemência” são as palavras que o coração narra para as almas arrasadas pelo fogo.

Olhos imóveis contradizem os cavalos que voando rápido sobre o solo, como se estivessem a salvar uma alma em chamas, voltam à cidade para se prepararem.

Eles só têm três dias, onde dali partirão para a próxima guerra, para a próxima vitória. Planos são postos à mesa... O cérebro sobrepõe-se à força bruta.

- Quantos restaram?

- Todos senhor.

- Ótimo. ALGUEM AQUI DESEJA MORRER? AQUELES QUE CUJA RESPOSTA SEJA SIM, DÊEM UM PASSO A FRENTE PARA REALIZAREM SEUS DESEJOS! ... NINGUEM? ... Então essa é a certeza da nossa vitória.

O descanso é nada menos que divino para esses seres com a alma beirando a morte. Esposas lamentosas pelos seus guerreiros suspiram de felicidade. Ou ao menos de alívio por vê-los vivos.

São mulheres, lindas mulheres, dotadas de pura saudade e esperança que resumem seu tempo em apenas duas coisas: Pedir que esta seja a última guerra e rezar para que seu amado marido volte vivo para seus queridos braços.

Um triste ar de melancolia toma a cidade. Choros de crianças são ofuscados pelas silenciosas lamentações de suas adoradas guerreiras. Um tchau soa baixinho. Tchau que mais deseja ser um “volte logo”, temendo se transformar em um “Adeus!”.

E tão cedo eles partem... montado em seus destinos, segurando o único amuleto que o manterão nesse mundo, e quem sabe até rezando pelas vidas que serão tiradas, pedindo para que dentre elas não esteja as suas.

E então eles se vão. Calando a cidade... Regando saudades...

Eles se vão.

O Poeta da Meia Noite
Enviado por O Poeta da Meia Noite em 17/04/2008
Reeditado em 22/06/2008
Código do texto: T949272
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