A Fuga.
Não há nenhuma razão aceitável para estas lágrimas que vertem dos seus olhos, falou Espósito para Serena. Serena, não repondeu e continuou a chorar. Sentada num banco de madeira, pintado de verde, pernas cruzadas, a todo momento limpava as lágrimas com seu lencinho branco bordado em vermelho. Espósito andava de um lado para outro, intrigado com as lágrimas que caiam, generosamente ,dos lindos olhos negros de Serena. Pensava o porquê da aflição da moça que sentada ao banco,mexia a todo momento as pernas. Cruzava e descruzava, tão amiúde, que passou a irritar Espósito. O vento tirava do lugar os cabelos lisos e sedosos e bem penteados , de Serena. De vez em quando ela abria uma pequena bolsa de tecido grosso, com algumas nervuras no sentido horizontal e de lá tirava outro lencinho. De repente, o rapaz parou em frente ao banco, numa posição de sentido e perguntou , bruscamente : Não vai parar de chorar ? Você nem tem mais lágrimas. E tirando o quepe da cabeça, coçou a nuca, ajeitou os cabelos loiros e meio oleosos e em seguida colocou novamente o quepe. Sentou ao lado dela. Tentou pegar a sua mão..acariciou os cabelos dela e ajeitou a saia que havia se erguido mostrando uma perna bonita e muito branca. Espósito a olhava, fixamente... Perguntou pela segunda vez se ela ia para de chorar. Serena nada respondia... apenas limpava os olhos já inchados e o nariz vermelho destilava uma fraca coriza. O sol se pôs . O vento aumentava e com ele apareceu o frio. Serena começou a tremer. Espósito a abraçou. Ela deu um solavanco e tirou os braços dele dos seus ombros. Estava, agora, levemente, irritada , inquieta. O sino da fazenda tocou. Os colonos largaram a enxada e se dirigiam às suas casas. Espósito, fez mais algumas perguntas à Serena . Ela continuou muda.... calada. Levantou-se. Deu um beijo apressado no rosto dela e ,também ,seguiu para sua casa. Serena não levantou . Continuou sentada e limpando as lágrimas.
Às 10 horas da noite Espósito, preocupado, foi, já vestido com seu pijama de listras marrons, chamar Serena. Não a encontrou...
E já se passaram 8 anos...