O Surfista e o Poeta
Poucas palavras se dispersam na areia como conchinhas trituradas pelos pés. O barulho da água na alta maré interrompe o silêncio. Nesta tarde, ambulantes não me oferecerão coisas para comprar. Em minha frente, só o mar falará comigo.
O frescor do vento se contrasta com um calor de matar a pele, mas o que realmente destrói é a falta de sorriso do ser amado, diante de uma imagem paradisíaca que considero ser algo perfeito para a visão. Como que tentando fugir de uma reprovação qualquer, levo a alma das pálpebras para um passeio...minhas íris avistam um surfista e então indago:
- Quem pega a onda tem a sensação que pode dominar as águas do mar? Ou será que apenas brinca de andar sob as águas?
Não ouço resposta, mas observo e sinto que ele só quer sentir a adrenalina do vento forte no rosto e pegar carona com a maré. Tento mais uma vez, jogando palavras na brisa marítima:
- Ei surfista!!! Qual é a tua?
O esportista aventureiro, das águas da Armação parece não ter me ouvido ou será que quer permanecer em seu silêncio, para jamais revelar o seu seguedo com o mar?