Vatapá nunca mais! - Se você não pode rir não leia!
Tudo começou com um convite que recebi do meu amigo Severino.
Baiano, dono de uma das maiores indústrias de reciclagem de alumínio do Brasil.
Na época, eu dava consultoria nessa empresa.
Um belo dia, Severino me convidou para um almoço em sua casa. O cardápio era vatapá. Confesso que não sou muito amante dessa comida. Mas, não iria recusar o convite do dono da empresa onde eu prestava serviços.
No Domingo, fui almoçar o tal vatapá e tapou mesmo! Uma semana sem ir ao banheiro. Na Segunda-feira da semana seguinte, eu tinha que ir pra Alemanha, fazer um curso na fábrica das máquinas que tínhamos comprado. Minha primeira viagem à Alemanha, tive a idéia de a partir dessa viagem, começar um diário. E assim fiz! Peguei as malas, fui para o aeroporto e esqueci do vatapá que há uma semana estava encubado, tapando a saída do meu orifício anal. Cheguei meio atrasado, peguei transito e já estava no salão de embarque quando senti a primeira contração. Lembrei-me, do feto fecal que eu tinha no intestino e o medo era de romper a bolsa! Se isso acontecesse, o aborto seria inevitável! Segurei-me, agüentei firme e fui até o banheiro do aeroporto. Pra variar tinha 10 box e nenhum deles com papel. Fora os que estavam molhados de urina. Tem cara que o é porco mesmo, ou tem o pinto torto. Um buraco duas vezes maior que a cabeça e ainda consegue mijar fora! Escolhi um que pelo menos estava seco. Tirei a calça coloquei no pescoço, por incrível que pareça não tem um prego para pendurar nada nesses banheiros. Fiquei naquela posição horrorosa, meio sentado meio em pé, mirando o vaso com o olho do rabo e atento à hora do parto, para que ao cair o vatapá em decomposição, não espirrasse água no meu ânus. Nessas horas sempre espirra! Tem sempre um pingo d’água que entra lá no fundinho! E o pior que depois disso, fecha o fiofó e a segunda cagada não sai!
Fiquei frustrado! Fiz um esforço danado e soltei apenas um pum. E que pum! Parecia o tom grave do tenor Roberto Jefferson. Um peidão de dar inveja! Passou a cólica, me senti aliviado, vesti a roupa e voltei pra sala de embarque. Pensei comigo! Vou dar uma cagada internacional! Dezoito horas de vôo na primeira classe, dormi uma boa parte do tempo e me esqueci do vatapá. Cheguei na Alemanha fui pegar as malas, cadê as malas? Foram extraviadas. Fiquei com minha 007 de mão e com a roupa do corpo. A companhia de aviação se responsabilizou pelo extravio e caso não achasse iria me reembolsar. Fui pra fila carimbar o passaporte, senti um tucano cutucando meu orifício externo do reto. A sensação é inenarrável! Saí pelo corredor andando de pernas quase cruzadas, tinha um placa indicativa, fui até lá, mas, ironia do destino, aquele banheiro estava fechado para limpeza. Voltei pelo mesmo corredor procurando o outro banheiro. Não deu! No meio do saguão com uma platéia de mais de 2000 pessoas o vatapá destapou. Liberou o canal do reto. Foi merda pra todo lado. Eu na minha! Como se nada tivesse acontecendo e o cocô saindo pelas pernas da calça. Quanto mais eu tentava segurar, mais cagava. Continuei a caminhada, veio um segurança me parou, eu disse a ele que estava cagando nas calças, acho que ele não entendeu muito bem o que eu disse, chamou alguém pelo rádio. Continuei caminhando até o banheiro e aquele guarda-roupa atrás de mim. Entrei no banheiro desesperado! O primeiro box que vi, fui! Um banheiro que dava inveja. Limpíssimo, azulejos brancos, cabide na parede, e o papel... umas toalhinhas!
Olhei o papel e pensei: vou precisar de uma carreta de toalinhas pra limpar tanta merda!
Tirei a roupa! Meu DEUS! Você não faz idéia o que é uma cagada de vatapá nas calças. Se juntasse toda a merda e desse na mão de um escultor, faria uma obra de arte digna de exposição no museu do Louvre. E agora pensei? O que vou fazer? Lembrei-me de uma história que o Veríssimo contou e segui seu exemplo. Joguei as meias no lixo, lavei as roupas e os sapatos na água da descarga, sentei-me no vaso pra dar um tempo e ver se as roupas secavam um pouco. Não é que o desgraçado do segurança enfiou a cabeça por baixo da porta do box pra ver o que eu estava fazendo! Virei a bunda e mirei a cabeça do infeliz. Abri a porta pelado, falei um monte! Ele se desculpou e saiu. Mas, eu não tinha outra alternativa. Virei as roupas no avesso, ainda molhadas, dobrei a bainha até o joelho, deixei a camisa pra fora da calça, sapatos sem meias, o paletó na mão, coloquei os óculos escuros e saí desfilando como se fosse um top model. Imagine a cena! Quando cheguei no balcão prá carimbar o passaporte ainda levei uma multa por sujar o chão do aeroporto de detritos fecais.
Na porta do aeroporto, tentando pegar um taxi, passam duas moças e me confundem com um artista famoso da Holanda (que não me recordo o nome agora) e me pedem autografo. Eu encarnei um personagem e dei o autógrafo com a seguinte grafia: Às minhas lindas com carinho. Ass. O cagado de vatapá. Que nome mais eu poderia dar? Recusei-me a ser eu naquele momento. Fiz uma letra daquelas que só farmacêutico consegue ler, que até hoje devem estar tentando traduzir o que escrevi.
Peguei um taxi e pedi ao motorista que me levasse até uma loja de roupas. Contei a ele o ocorrido e de repente ele parou numa praça e me apontou com o dedo onde era o local.
Paguei o taxi, desci e fui em direção ao mesmo. Para minha surpresa. era um banheiro público! Como meu alemão é pior do que a linguagem do msn, ele deve ter traduzido o que falei pelo cheiro. Sim! Merda se você não se livra dela por completo, o cheiro vem atrás. Por mais que as roupas estivessem lavadas, a mancha do cocô estava presente!
E o cheiro também! Imagine um vatapá em decomposição encubado há uma semana! Nem urubu passava por perto. Fiquei puto! Depois de indagar pra muita gente onde eu poderia comprar uma roupa, achei um argentino. Pelo menos esse falava em espanhol. Contei a ele o que acontecera comigo, ele começou a rir. Depois, aconselhou-me, a tomar um banho no banheiro público, porque eu estava cheirando a merda.
Finalmente encontrei uma loja de roupa masculina. Prá variar, as vendedoras eram femininas. Encarnei o personagem de novo e tirei uma onda. Que onda! Onda de merda. Mas, mantive a postura e não desci do salto. A loja com ar condicionado, tudo fechado e o cheiro de merda se alastrando por toda parte. Escolhi um terno risco de giz, gravata italiana, meias, cinto, fui para o vestiário, colei a bainha da nova calça com fita adesiva e sai de lá parecendo um galã. O lixo que eu estava vestido todo cagado, larguei num canto da loja. Paguei no cartão, a moça me perguntou: - não vai levar a roupa usada? – Não! Respondi. Cansei dessa moda! Ela não entendeu nada! Fui para o hotel, fiz contato com o diretor da fábrica que estava a minha espera e combinei com ele que mandasse me buscar no dia seguinte.
Deitei e dormi. No meio da noite sonhei que estava cagando. Não deu outra. Acordei cagado! A cena foi linda! O lençol parecia um quadro em aquarela, com formas abstratas, tendo como tema simplesmente merda. E o cheiro ídem! Saí pela manhã e desci pelas escadas para que as camareiras não me vissem. Fui para a fábrica, contei para o diretor tudo o que tinha acontecido e depois de ser motivo de muitos risos na diretoria, ele muito gentil me levou até um shopping center me comprou três ternos, sapatos, cintos, camisa e me deu de presente. Fiquei dois dias na Alemanha, fiz o curso na empresa e voltei. Na volta depois de umas cinco horas de vôo tive outra crise fecal. Tentei soltar um pum, meio de leve, daqueles que sai como assopro! Mas, o assopro foi molhado. Senti um liquido quente na bunda e uma ardência no buraco do reto. Foi horrível! Chamei a comissária de bordo e pedi ajuda. Disse a ela que tinha feito cocô nas calças e que eu iria precisar de uma roupa. Eu me recusava a passar por tudo aquilo de novo. Depois de uns 10 minutos ela me trouxe o uniforme do comandante. Agradeci, pedi licença a uma senhora que estava ao meu lado já com os dedos tapando o nariz e fui ao banheiro me livrar daqueles restos mortais do maldito vatapá. Quando sai do banheiro, tive que prestar socorro a um senhor! Por eu estar vestido com uniforme do comandante, achou que eu fosse comissário de bordo e me pediu o saquinho para vomitar. Eca! Eu já não agüentava mais tanta merda e ainda presenciei o coitado do velhinho vomitando. Um horror! Finalmente cheguei no Galeão. De volta ao lar! Pensei! Fui pegar minhas malas, coloquei-as no carrinho e quando chego no saguão do aeroporto outra cólica. Caminhei devagar, novamente em passos curtos, com o ânus retraído para que não acontecesse tudo de novo. Mas, o vatapá quando destapa ninguém segura. Caguei nas calças de novo no meio do saguão! Coloquei o carrinho atrás de mim para que ninguém visse a cena e fui em direção ao banheiro. Uma criança inocente, passando do meu lado puxou sua mãe pelo braço e apontando o dedo pra mim exclamou: Mãe! Um homem desse tamanho fazendo cocô na calça! Fiz de conta que não era comigo. Peguei o taxi todo cagado e pedi ao motorista que me levasse pra casa. Não ia passar por tudo aquilo novamente. Depois em casa com calma, atualizando meu diário me dei conta que tinha começado um diário de merda. Joguei-o no lixo.
Caguei por mais três dias consecutivos.
Vatapá nunca mais!