CADÊ AQUELA JURITI?

CADÊ AQUELA JURITI?

Ema, juriti, beija-flor, nhambu, sabiá, canários...

De manhã, à tarde, fazia sol ou chuva...

Esses animais ecoavam seus sons por entre grotões.

Era uma orquestra cheia de harmonia e beleza.

Canto afinado, enredo perfeito.

Uma sinfonia em forma de ladainha e de amor.

Não sabemos se era canto ou comunicação,

Mas uma coisa é certa, havia harmonia!

Nas manhãs a vida tinha mais brilho e mais encanto.

O céu fazia um encontro triunfal com a terra a cada manhã.

Nas invernadas, palhoças, cachoeiras, matas e rios, a presença deles era constante.

O tempo passou depressa!

Onde estão seriemas, para onde foram as juritis,

os beija-flores, nhambus, os sabiás e os canários?

O progresso chegou para ficar.

As estradas deixaram de ser empoeiradas,

O caçador ficou sofisticado,

O tiro ficou preciso e o alarido dos animais virou um imenso silêncio nos grotões.

No coração da gente,

Há uma dor sentida,

Uma dor transparente,

Que só quem viveu tudo isso sente.

Uma realidade tão inalterável,

Que a mais dura pena ficou mole diante desses prepotentes.

Um tiro ecoado... mais um pássaro calado!

Cadê aquela juriti que comia aqui na varanda?

Acácio.

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 27/02/2008
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