NOS TEMPOS DO YALA ZÉ
Havia numa bela terra um reino, cujo rei se chamava Yala Zé. Como tantos outros, esse tinha uma estrutura organizativa: 1º o rei 2º dois conselheiros 3º os curandeiros que tinham a missão de instruir o povo que era a base da comunidade. Yala Zé era um rei que não queria dar ouvidos ao povo. O povo ficava triste e sofria porque se lembrava de o rei ter dito, no dia em que subio ao trono, que aquele seria o reino do diálogo. Ledo engano. O povo ia pra lavra o ano todo e o rei insistia que os frutos fossem colhidos só no fim do ano o que tornava o tributo muito pesado e o povo cansado. Os conselheiros do rei, embora soubessem dos problemas que o povo enfrentava, nada faziam de útil para que se mudassem as coisas. Esses conselheiros visitavam outros reinos com frequência e nada de novo revelavam, nada aprendiam, nada transmitiam. Começaram então a surgir vozes de descontentamento entre a população e mesmo entre os curandeiros mais avisados.
O rei quando não ameaçava, expulsava mesmo estes dissidentes. Na sua conhecida matreirice o rei sabia que tinha que dividir o povo para melhor reinar. Criou então para seu prazer uma comissão de mabecos com a missão de espiar e à ele relatar todos actos de cariz dissidente e como se não bastasse criou entre eles os bobos da corte aos quais atribuio a tarefa de realizarem bailes regados de katembé e outros analgésicos que atordoam a mente. Esse povo gostava de dançar e depois de tanta dança rolava a promiscuidade ali mesmo no capim alto. Muitos adoravam a ocasião porque era perfeita para conseguirem a primeira que...que...querela com a sua amada do momento.
Os curandeiros ficavam tristes ao lembrar o seu tempo em que os jovens honravam os mais velhos pela proucura do saber, porém, daí não passavam porque também eles não tinham coragem pra abrir a boca e criticar o rei que os tinha acomodado.
O reino ia se degradando a olhos vistos. As cubatas estavam cada vez mais sujas, faltava água e por isso a higiene deixava muito a desejar, moralmente poucos se mantinham sóbrios, incorruptíveis e com coragem para com virilidade contestar os disígnios do rei.
Foi então que surgio um sábio. Vinha de muito longe, visitara vários reinos, mas dissera-se surpresso porque nunca tivera conhecido um rei tão fechado e vaidoso que não comungava dos problemas do povo, porém, nunva vira um povo tão passivo e até certo ponto cobarde. Esse sábio, na sua humildade, à todos recebia com palavras encorajadoras: calma cassule!!! coragem compadre!!! isso passa comadre!!! todos passaram a rever-se mais na imagem do sábio que à todos queria bem. Como a história já demonstrou, num reino só pode existir um rei. O próprio rei alertou aos seus mabecos de que o povo estava agitado desde que chegara o sábio, sendo peremptório expulsá-lo dali o quanto antes, passando ele a aparecer de quando em vez ao povo, mas nada de especial dizia nas suas tertúlias de charme, pouco fazia nada mudava.
Com a partida do sábio, muitos perderam a esperança de ficar e seguiram o seu rumo em busca de novos reinos. O reino perdeu homens capazes para prover a sua defesa e tombou a primeira investida dum reino inimigo.
O sábio e seus discípulos tiveram notícia da tragédia e oraram aos ancestrais que lhes dessem a graça de nunca mais se permitir, naquela bela terra, um rei tão vaidoso e inépto e um povo tão passivo. O sábio disse aos céus ter atingido o zero, porém, nunca renunciaria ao seu direito de ser livre e dizer com toda certeza...livre afinal...livre afinal....eu sou finalmente livre...
moral do conto: A mudança começa com o homem
O medo tem o fracasso por melhor amigo
Ass: Walter dos santos