VÍTIMA.
Nem mesmo o banho luminoso que saudava o novo ano fora capaz de removê-lo do casulo.
Enclaustrado em suas reminiscências, sem ouvidos de ouvir e olhos pra ver, ensimesmado seguiu...
Tão ressoantes quanto os estrondosos fogos festivos os seus pensamentos incoerentes se escapavam correntes como corrente era o sangue fluindo dos seus pulsos.
Pares e pares de horas passou perambulando pelo ambiente entre lágrimas. Avistava e não era mais visto, tocava e suas sensibilidades nada percebiam, ouvia e não era ouvido. Pelo horror, um grito histérico ecoou de suas entranhas, entranhado-se, ali de retorno.
Enquanto, os holofotes das curiosidades esmiuçavam àquele corpo, morto, vítima da coragem e dos medos, dos sentimentos razoáveis e desequilibrados, das virtudes e pecados; em analises e conclusões falhas, tal qual, àquele falido ser.
Estarrecido, numa quietude débil, esbugalhando-se, ao si observar naqueles estados. Deixando-se, então, a uma contrição a temporal na clausura de uma consciência sobrevivente àquele corpo depauperado pela a expressão dos instantes inconscientes.
Vítima, não obstante, transgressor.